quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Travecum Heroicum Est?

Em 1938 a DC Comics criou o Super Homem. Em 1939 foi a vez do Batman. O primeiro usa a cueca pra fora da calça e é o alienígena musculoso, espalhafatoso e poderoso com forte senso de justiça para proteger o seu planeta adotivo. O segundo também usa a cueca pra fora da calça, é órfão de pais milionários assassinados, sombrio e inteligente com vingativa obsessão contra todos os malfeitores. Assim, a clássica fórmula está consagrada para se criar centenas de combinações de outros super-heróis nas histórias em quadrinhos americanas mesclando-se características "diurnas" e "noturnas" desses dois bambambãs dos gibis.

Mas seguindo o estilo dos quadrinhos pulp baratos e toscos que fizeram sucesso até os anos 50, a maioria dos heróis criados até os anos 40 nos States era mais parecida com o Batman e vinha sem poderes; na verdade alguns eram até monotemáticos, como o Sandman de 1939, que só contava com a cueca pra dentro da calça (!) e com uma pistola sonífera para combater o crime! Santa coragem, Batman!

E é nessa época dourada e glamurosa, mais precisamente em 1940, que nasce a primeira super-heroína do mundo, caríssimos! Não, não se trata da sensual Mulher Maravilha que virá no ano seguinte (criada pelo mesmo sujeito que inventou o polígrafo!!! - não é mentira!) com suas inesquecíveis pernas de fora e botas até a coxa, mas sim a Tornado Vermelho! Quem? Olha aí embaixo:



Bizarro, não? Tornado Vermelho era, em sua identidade civil, uma pacata dona de casa de meia idade sem poder nenhum que usava como fantasia um cobertor comum no lugar da capa e uma panela na cabeça e era confundida com um homem! Em 1940!!! A primeira paródia do gênero dos super-heróis também satirizava o gênero das identidades sexuais nos quadrinhos! Mas, para assombro eterno dos caríssimos leitores, Ma Hunkel (a identidade civil da simpática senhora misto de heroína e dona de casa) não é o primeiro personagem travesti dos quadrinhos! Santo espanto, Batman! O primeiro traveco nos gibis veio meses antes, também em 1940, na forma de... Madame Fatal!!!




Madame Fatal não é só mais um herói fantasiado!

Madame Fatal e seu fiel parceiro shakespeariano papagaio-prodígio!!


"Santo mau gosto, Robin! Que jeito mais horrível de se vestir!
Simplesmente andrajoso!"

Que ano esquisito para os quadrinhos, não? Bem, Madame Fatal é uma velhinha sexagenária que enfia a bolacha nos malfeitores com sua bengala! E qual é o seu poder? Ora, na verdade a velhinha sexagenária é homem! Trata-se de um ator/detetive/ricaço que se disfarça de velha e não usa cueca pra fora da calça para combater o crime, mas sim manta, vestido, peruca, maquiagem, bengala, anágua... e calcinha!! Mais uma vez... Santa coragem, Batman!

Nem é preciso dizer que lá pelos anos 50 a DC Comics comprou esse personagem, mas nunca mais foi usado - os conservadores editores preferiram esquecê-lo (a!), diferente da Tornado Vermelho, que virou até dona de casa da mansão da Sociedade da Justiça! Mas pensando bem, como aproveitar um super-herói fantasiado cujo poder é ser parecido com "Uma Babá Quase Perfeita"? Matutemos sobre tão fundamental questão enquanto assistimos a um trecho do Robin Williams no ápice da sua bisonhice no supracitado filme:


   Trechos de "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), super-herói travesti-heterossexual do Robin Williams que limpa, dança, cozinha, salva seu casamento do Ricardão e ainda espanca assaltantes de velhinhas na rua!


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A constelação dos Cavaleiros do... Onan

Me dê sua força Pegasuuuuus!!!

O cosmo das décadas de sessenta e setenta pulsa poderosamente! Nos anos 50 o conceito de "sex symbol" veio desafiar a caretice que assolava a cultura popular influente dos States - viva Marilyn Monroe! Com os anos sessenta veio a liberdade sexual e os sonhos ficaram muito mais molhados com a existência de uma verdadeira constelação de gostosas-objeto inesquecíveis, caríssimos!! Brigitte Bardot, Ursula Andress, Jayne Mansfield, Jane Fonda...  As estrelas que encabeçam o topo dessa reverente lista são unânimes em toda a sua gostosidade espetacular.

E os Cavaleiros do Zodíaco com isso? Ora, vamos ao momento nerd: a partir do final dos anos oitenta os protagonistas do anime-coqueluche ficavam mais fortes escolhendo constelações específicas que entravam em sintonia com o seus chakras! Pensando na Constelação das Gostosas de Vênus (!) do primeiro parágrafo, na verdade todo nerd espinhento tarado ficava forte somente de um braço forte (ainda que de olhos fundos!), se acabando de homenagear solitariamente essas atrizes-estrelas maravilhosas de outrora, musas primordiais no altar de outra Ordem de Cavaleiros que não a zodiacal: a Ordem Sagrada dos Cavaleiros de Onan!

Raquel Welch, uma das estrelas mais brilhantes da Constelação das Gostosas de Vênus dos anos Sessenta, é a homenageada da vez. Se Ursula Andress é imortalizada surgindo das águas com seu biquini de bond girl em 62 contra o satânico Dr. No, Raquel Welch tem o mérito de preencher o inesquecível (e por que não pioneiro!) biquini de pele de bicho pré-histórico um milhão de anos antes de Cristo! Como? Graças ao remake dos estúdios da Hammer Produções, "One Million Years B.C", de 66, onde dinossauros e mulheres de biquini convivem juntos gloriosamente! Nos pôsteres e imagens desse filme é possível perceber porque a modelo/atriz/cantora é dos ícones estelares mais brilhantes dos psicodélicos anos sessenta!








Tentando recuperar o fôlego dessas imagens sensacionais, existe uma apresentação fenomenal da Raquel Welch no especial de tevê "tchap-tchura, bicho!" de 1970, "Raquel!", pérola que leva o nome da nossa amada estrela fascinante, claro! Nossa gostosa heroína cantante se torna uma espécie de Carmen San Diego psicodélica, viajando pelo mundo e gravando videoclipes maravilhosos de músicas fundamentais e também estelares dos anos setenta ("Here Comes The Sun", "Good Morning Starshine", "Let The Sunshine In" e por aí vai) em Paris, Los Angeles... e México!!



E para deixar tudo temático, em suas andanças pelo México, depois de dançar vestida com um biquini espacial-alienígena (!) Raquel Welch nos apresenta aos Cavaleiros do Zodíaco mais bizarros de todos os tempos  no videoclipe de "Aquarius", como somente os carnavalescos e nada sutis anos setenta podem proporcionar! Em destaque naquele cenário, esqueçam as colunas gregas que ficaram famosas no design do anime dos Cavaleiros do Zodíaco: para horror, medo e desespero do Cavaleiro de Libra (meu próprio signo), o pobre coitado se equilibra desesperadamente pelos degraus estreitos das pirâmides astecas enquanto pendem da sua tosquíssima fantasia de balança penduricalhos bisonhos! Impagável!

E que venha a Era de Aquário elevada até o Sétimo Sentido com uma das estrelas mais brilhantes da Constelação das Gostosas de Vênus - Viva Raquel Welch, seja cantando, seja de biquini das cavernas, não importa!! A musa brilha homenageada solitariamente no Altar da Ordem Sagrada dos Cavaleiros... de Onan!!

Trecho do especial de tevê de "Raquel!" de "Aquarius" e "Let The Sunshine In" (1970):

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Apocalipse automobilístico


David Cronenberg é um diretor canadense megalovax foda. Em quase todos os seus filmes os personagens acabam passando por uma transformação plena e doentia da mente e do corpo devido a obsessões, taras e fetiches.

Com "Crash - Estranhos Prazeres" (que eu recomendei no CineMasmorra especial de Dia dos Namorados: http://cinemasmorra.com.br/masmorra-cast-especial-dia-dos-namorados-quando-o-amor-se-transforma-em-horror/) de 1996, não será diferente. Nesse longa a conotação sexual está em todas as cenas, só que de um jeito muito bizarro! Em primeiro lugar, pensem quando os jovens adultos querem transar: o primeiro objeto de desejo é o carro! O automóvel é a garantia de sexo dos garanhões! No filme do Cronenberg o acidente de carro é a garantia de sexo! A relação-fetiche do prazer sexual através de acidentes violentos de carro pelos personagens está ali a todo momento. O sexo, o desastre automobilístico, os corpos deformados pela destruição nas estradas, toda essa perversão bizarra passeia pela tela e os espectadores acabam hipnotizados com o que está acontecendo ali. É muita bizarreira junta!

São três os fetiches do modo de vida capitalista americano explorados em "Crash": o sexo, o carro e a violência, só que tudo junto misturado! E como no sexo, nessa pérola do bizarro do mestre Cronenberg vale tudo: tem vuco-vuco dentro de carros, tem masturbação coletiva de seita maluca assistindo vídeos de bonecos de teste e carros sendo destruídos, tem triângulo amoroso sinistro, tem reencenação de acidentes fatais de carro famosos com gente famosa do cinema (como o James Dean!), tudo em nome do prazer! Esse filme do Cronenberg é imperdível!

Trailer de "Crash - Estranhos Prazeres" (1996, David Cronenberg)

Mas não paremos aí! Tudo começa em "Crash" com um acidente de carro... do mesmo jeito que em "Tetsuo: The Iron Man" (1989) - mais videoclipe do que filme - de outro mestre do bizarro, Shinya Tsukamoto! O nome do personagem dessa estranha obra-prima japonesa que sofre um acidente de carro logo no início pelo personagem chamado de "Assalariado" é... "O Fetichista"! Após esse acidente o Assalariado sofre metamorfose da carne radical, o coitado literalmente se transforma num homem de ferro! E ainda comparando com "Crash", há vários momentos sexuais, inclusive uma das sodomias mais estranhas do cinema: num pesadelo, a namorada do Assalariado introduz um tentáculo metálico no pobre dito cujo! E nem mencionei o pênis-furadeira do Assalariado, na cena de amor mais bizarra-surreal-gore do universo cinematográfico!!! Sinistro!



 "Tetsuo: The Iron Man" (1989, Shinya Tsukamoto), e a inesquecível cena do Assalariado furando (Rá!) a namorada!

Mas estou automobilisticamente frenético e não acabei! No "Crash" do Cronenberg o homem e o automóvel são íntimos, a principal máquina de consumo capitalista mata pessoas no início do filme, mas isso é deixado de lado para que o sexo seja a atração principal. O acidente de carro não gera culpa, mas indiferença. Não provoca horror, mas estímulo erótico! As cicatrizes são sexy, a morte do ídolo do cinema deve ser representada para gerar prazer sexual... os pequenos burgueses estão entediados e trazer o universo violento do carro para o universo sexual parece ser a solução! Os acidentes de carro fazem parte, afinal, da tecnologia moderna de remodelar corpos! A sensual sobrevivente da batida está repleta de cicatrizes e cheia de parafusos e placas de aço, quase uma inesquecível Christine - o Carro Assassino!

O homem-máquina dos novos tempos está entediado com sua rotina maquinal e repetitiva... e que a maior máquina capitalista, o Carro, apimente sexualmente o tedioso cotidiano da classe média! Aí reside o maior fetiche: o homem passa a ser objeto sem sentimentos e o objeto - o carro - passa a ser mais valioso como desejo em nossa sociedade. E tome robôs, máquinas e Christines com mais sentimento, luxúria e personalidade que os seres humanos na cultura pop de consumo! É o apocalipse!




E por falar em apocalipse automobilístico, terminemos esse post gigante com "Week End", filmaço de Jean Luc Godard que desconstrói essa idéia de que o símbolo da sociedade de consumo capitalista, o automóvel,  é sinônimo de felicidade. Nesse filme também tem carros e violência, mas em outro contexto que não o do prazer da sociedade de consumo. Temos o horror dos engarrafamentos e acidentes de trânsito com cadáveres ensangüentados pra todo lado, carros capotados, pessoas em chamas, e os protagonistas não estão nem aí pras catástrofes ao longo do filme! É mais um exemplo de desumanização dos homens em meio à destruição! Se em "Crash" a perversão sexual gerada pelo automóvel é o ápice da catástrofe, em "Week End" a própria civilização derrapa e capota por causa do veículo! Genial!

E antes que esse post fique mais engarrafado com outras referências de filmes sobre homens, carros, fetichismo, sexo e horror, ultrapasso pela direita em alta velocidade pra fugir do sinal vermelho! Não buzina não que eu não tô nem ligando! Fui!

Trailer japonês de "Week End" (1967, Jean Luc Godard), com direito a pequeno trecho da clássica cena do engarrafamento barulhento e caótico de quase dez minutos!


A cena famosa do engarrafamento de "Week End" - que interrompe o filme! - está aqui embaixo:

terça-feira, 7 de agosto de 2012

"It's Alive"? (ou a Metamorfose Suprema da Carne Parte III)

Um início de semana mecânico, caríssimos!



A ditadura do relógio da sociedade industrial capitalista prossegue em sua transformação dos homens em máquinas! E vice versa!

O maquinário, as coisas mortas e sem sentimento vão ganhando destaque - e vida! - nas variadas mídias culturais, enquanto os homens morrem lentamente, cada vez menos humanos, rumo à mecanização das relações, dos sentimentos, da rotina. As pessoas-objeto e as relações virtuais de mentirinha onde os homens estão conectados a diversos cordões umbilicais computadorizados estão no topo dessa cadeia e como conseqüência tome robôs carismáticos, andróides assassinos, geladeiras diabólicas e computadores do mal passeando pela cultura pop! E a humanidade que se lasque! Se ela não pode vencer as máquinas, que ela se transforme em máquina também!

Pois escarafunchemos pela telinha do computador/máquina o que os anos oitenta - e o comecinho dos noventa - têm para nós sobre esse tema, ó ironia das ironias!

Em "Videodrome" (83) do Cronenberg (que é o Podtrash dessa semana, aliás: http://td1p.com/podtrash-101-videodrome/), os equipamentos pulsam, latejam e clamam por sexo enquanto o James Woods vira um autômato fundido ao metal! O trailer aqui a seguir!

"Vida longa à nova carne!"


Em "Tetsuo: The Iron Man" (87) do Shinya Tsukamoto, a metamorfose rumo à desumanização é suprema - e contagiosa, surreal e irreversível! Essa jornada semi-videoclíptica é acompanhada, claro, por trilha sonora tecno/industrial dos anos 80! Simplesmente brilhante-metálico!

Metamorfose Suprema - Vida longa ao Cyberpunk Gore!



Em "Robocop" (87) do Paul Verhoeven, no trecho a seguir o policial Murphy prova que tem bolas de aço quando é desafiado na boate pela música bate-estaca/industrial/tecno (de novo!) "Show Me Your Spine" (PTP) a mostrar a sua espinha dorsal! Orgânico X Inorgânico: quem levou a melhor?

"Eu fui consertado. 'Eles' consertam tudo!" - Vida longa ao ciborgue careca!


Em 1992, o senhor tcheco da massinha e do stop motion Jan Svankmajer produziu "Food", curta metragem em três episódios. O primeiro segmento ("Breakfast") trata magistralmente da mecanização do ser humano e aparece na íntegra logo a seguir:

Pôster do café da manhã, almoço e jantar em "Food".
Vida longa ao mestre do surreal Jan Svankmajer! 

      Caríssimos, se a ditadura do relógio permitir (!), essa semana o blogue continuará nesse tema!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Chatus, Autistus... Trashius!



As Olimpíadas de Londres estão aí, caríssimos! E tome judô, ginástica olímpica, tiro ao alvo, canoagem, trampolins e que tais na tevê! Como era de se esperar, não faço a menor idéia de quais são os prognósticos, as análises, as previsões pra essas variadas modalidades, quais atletas têm mais chances de levar medalha... Desconheço completamente (e não tô nem ligando) quais são os esportistas mais rápidos, mais altos, mais fortes. Claramente, só me interessa saber quem é o mais tosco, o mais bisonho... o mais trash!

E os louros  recaem gloriosamente sobre Kurt Thomas, campeão de ginástica olímpica dos anos 80! Por acaso resolveu "atuar" em filmes de ação e, assim, fomos agraciados com um bizarraço típico daquela época. Nesse dito longa ele também é agente secreto do governo dos States! E passa por um intenso e rigoroso treinamento à moda de Remo, Desarmado e Perigoso, unindo a mortífera modalidade da ginástica com golpes de karatê!!!

Inacreditável, não? O nome dessa pérola? "Gymkata", de 1985! E dirigido por Robert Clouse, o responsável por "Operação Dragão"! Mas como em 1985 o mercado estava com falta de Bruce Lee, vamos de atleta olímpico... Que nessa "maravilha" de trama precisa aprender a unir os poderes de ginasta com os do karateca!! E como ele consegue isso? Subindo uma escada plantando bananeira, no take mais horrendo de todos os tempos! Mas pra quê? Ora, os States descobrem que o lugar perfeito pra construção do Projeto Guerra Nas Estrelas (sim, aquele da Guerra Fria!) é na aprazível e exótica nação do Parmistão! Lá existe um jogo terrível, mortal e proibido à moda do Kumitê de "O Grande Dragão Branco", onde só os mais fortes sobrevivem!

Já que no supracitado jogo existem obstáculos como atravessar desfiladeiros, escapar de flechas e ninjas da Iugoslávia (!?) e ainda encarar uma turba furiosa de ancinhos e foices, nosso saltitante protagonista é o agente americano perfeito pra missão! Será que ele conseguirá vencer o jogo fatal do Parmistão e conseguir salvar o mundo?

Caríssimos, só assistindo! A cena da cidade do Parmistão (estilo Bratislávia do Albergue!) onde a multidão raivosa de turbante, lanças e foices ataca nosso herói é sensacional, principalmente porque calhou de ter NO MEIO da cidade aquele "cavalo de alça" feito pra ginástica olímpica masculina! Isso é tão conveniente pro protagonista... sem contar que a multidão o ataca um de cada vez, como é mandatório para capangas figurantes nível zero num filme dessa natureza! "Gymkata" é obrigatório para os amantes do trash!

Cena medalha de ouro de "Gymkata" - nosso herói derrota a população local um habitante por vez graças ao típico equipamento de ginástica olímpica casualmente colocado no meio da praça:
 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Santo bat-plágio, Turquia!



A fantástica indústria de cinema daquele país cuja capital é Ankara e não Istambul (!) já nos presenteou com várias pérolas fundamentais da cara de pau. Aí está o Super Homem turco que não nos deixa mentir. O Capitão América turco também, idem com o Homem Aranha turco e o Conan turco. Até o Rambo turco, caramba! Por que diabos com Batman e Robin não seria diferente?

Desnecessário o soar das trombetas e o rufar dos tambores, e nem é com tanto orgulho assim que lhes apresento a exumação de hoje, um filme da dupla dinâmica megatosco, que conseguiu vários pontos na escala Richter da tosquice: "Yarasa Adam", de 1973, é uma tentativa safardana de tentar capitalizar alguns anos depois com o sucesso do inesquecível seriado do Batman!

E notem que tentar revitalizar o "clima divertido" dos episódios do homem morcego já não era novidade nos anos noventa, na época do Joel Schumacher, quando ele resolveu derreter os miolos dos amantes de filmes de super-heróis com o desfile de escola de samba travestido de filme, a pérola estrelada pelo Schwarza de Senhor Frio, o inominável "Batman e Robin" de 1997!! Essa hecatombe morcegal (que aliás foi tema do The Dark One Podtrash dessa semana - http://td1p.com/podtrash-99-santa-paciencia-batman/) do Joel Schumacher tinha tudo pra revitalizar a psicodelia e a diversão escrachada do seriado dos anos sessenta, mas ao invés disso veio com bat-mamilos e o futuro governador da Califórnia pintado de azul, pra nosso horror, medo e desespero!!

Mas deixemos rapidamente o longa estilo Baile de Carnaval Scala Gay feito especialmente pra criançada pra lá - e também o seriado estrelado pelo eterno Batman Adam West, pasmem! Por quê? Ora, porque o filme turco buscou plagiar, digo, revitalizar o clima do seriado do Batman... dos anos quarenta!! Pois é, caríssimos, assim como no seriado original em preto e branco, o bat-filme turco mostra, por exemplo, os integrantes da dupla dinâmica como agentes das forças policiais do governo! Em preto e branco, claro!

Mas o Batman da Turquia vem acrescido de detalhes tipicamente turcos que não encontramos nos super heróis frouxos dos States! O homem morcego xerocado dessa versão é detetive contratado pela polícia pra investigar os misteriosos assassinados da mulherada gostosa de Istambul. Esse Batman é o cara! Que atira nos meliantes! Que não tem remorso algum enquanto vários meliantes se suicidam! Que fuma! Que ignora a sua identidade secreta! Que tem um bat-chevete! Que adora dar cambalhotas junto com o menino prodígio! E que traça todo o elenco feminino do filme! Esse longa de uma hora mais parece um pornô softcore vagabundo! Quando não está dando cambalhotas contra o crime, Bruce Wayne canta todas as mulheres e ainda leva o jovem Robin pra uma boate de strip tease!!! Essa versão de Batman e Robin tem mamilos, mas não são os bat-mamilos das fantasias de super herói homoeróticas do Batman e Robin de 97! Me refiro ao topless das strippers e das moças que caíram na lábia do varão e justiceiro turco! E o Robin? Que ele fique esperando no Bat-chevete!

Por tudo isso, esse Batman e Robin de 1973 do outro lado do mundo é milhões de vezes melhor do que o Batman e Robin de 1997. Mesmo assim, só recomendo para quem tiver bat-cojones, essa tosqueira é arrastada pra caramba - apesar de ter só uma hora de duração! Santo tempo perdido, Batman!

Trailer de "Yarasa Adam" (1973, Günay Kosova)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Santa psicodelia italiana, James Bond!

Bonnie e Clyde, Mickey e Mallory Knox, Steve McQueen de Thomas Crown com a Faye Dunaway a tiracolo, até mesmo o Sean Connery e a Catherine Zetta Jones em "A Armadilha"! O subgênero cinematográfico do fora da lei charmoso e carismático que consegue realizar os mais mirabolantes crimes e de quebra  leva a polícia e, principalmente, a sua garota à loucura conta com vários exemplos ao longo das décadas. Inclusive, pasmem, a Geena Davis de namorada do Bill Murray, o bizarro assaltante de bancos fantasiado de palhaço em "Não Tenho Troco", oras! Horror!

Muito se deve o sucesso desse tipo de filme a Jean-Luc Godard, caríssimos! Graças ao estiloso e clássico  "Acossado", ele impressionou multidões com a romântica história do ladrão de carros e sua namoradinha americana cúmplice fugindo e se escondendo da polícia.



A Itália, evidentemente, não ficaria de fora desse filão, claro! A exumação de hoje é do diretor Mario Bava, o diretor dessa semana no The Dark One Podtrash (http://td1p.com/podtrash-98-mr-horror-man-bavaaa/#comment-4745). Imaginem a história do ladrão carismático e sua garota com uma roupagem mais exagerada, como pedem as tramas das histórias em quadrinhos, caríssimos. Ou melhor: imaginem uma espécie de união entre "Acossado" e "Alphaville", outro clássico de Godard, só que mais pro lado da ficção científica e o universo pop dos quadrinhos! O italiano Mario Bava vai trazer pro cinema a estridente e inacreditável adaptação do gibi de sucesso nos anos sessenta "Diabolik", sobre o audacioso personagem título, o ladrão mais megalomaníaco de todos os tempos!

Esse longa de 1968 entra na onda dos vários filmes do período sobre super-heróis e personagens de quadrinhos - na Itália temos os inesquecíveis Argoman e o Superargo, enquanto na França temos "Fantômas" e os States atacam de "Barbarella", por exemplo -, com direito a muita extravagância, psicodelia e ação desenfreada. O astro, inclusive, é o anjo namorado da Barbarella no filme do mesmo ano, o John Phillip Law! Imaginem Diabolik como uma espécie de James Bond e Batman do mal: com os planos e os equipamentos mais mirabolantes, o mestre do crime rouba milhões em dinheiro, ouro e jóias bem debaixo dos narizes do governo e da máfia e esconde tudo na sua batcaverna milionária! Mesmo com a união da polícia e da máfia, o ladrão mascarado sempre se dá bem! A cena do Diabolik traçando a gostosa e inseparável Eva na cama giratória em cima de uma pilha de notas de dinheiro é perfeita, com todo seu exagero psicodélico! Se o Tio Patinhas fosse um pato quaquilionário tarado e pervertido, seria assim a sua rotina!

Existem outras cenas memoráveis: nosso anti-herói lança gás hilariante típico do Coringa durante o pronunciamento do governo sobre os roubos fantásticos, explode os prédios do Ministério da Fazenda, destruindo os registros do Imposto de Renda (!!!) e usa a miraculosa pílula para se fingir de morto e escapar mais uma vez! A cena mais inesquecível desse filmaço do diretor italiano, contudo, é a festa no porão das drogas dos traficantes, uma verdadeira orgia psicodélica! Ao som da música lisérgica de Ennio Morricone, os hippies viciados com maquiagens e figurinos tão variados quanto estranhos dançam, performam e passam baseados enormes em meio a xilofones colossais, cenários de plástico e mulheres cobertas de flores e garrafas, tudo ainda mais viajante e esfumaçado graças às câmeras e lentes de Mario Bava!

Em suma, os figurinos exóticos, os cenários extravagantes, os carrões do Diabolik e da Eva, a abertura psicodélica típica da série do James Bond, os tiroteios e perseguições, a correria e o clima cartunesco tornam o filme imperdível. Nessa pérola de orçamento gigantesco para os padrões a que o mestre do horror e do "giallo" estava acostumado (a produção é do Dino DeLaurentis!), tudo grita quadrinhos e remete aos insanos anos sessenta. Se o seriado do homem morcego fosse invenção italiana, Mario Bava seria o cara para dirigi-lo! O exagero é tamanho que o vilão arqui-inimigo de Diabolik parece ter saído direto dos filmes do 007! E como se não bastasse, o nêmesis emprega a armadilha saída do seriado inesquecível do Batman, o velho truque de aprisionar o protagonista num banho de ouro! Santa cobiça, Batman! Será que nosso anti-herói conseguirá escapar de mais essa enrascada dourada? Não percam o eletrizante e psicodélico próximo episódio de Diabolik! Nesse mesmo bat-horário! Nesse mesmo bat-canal!

Bill Murray, o Palhaço do Crime, aprovaria!

 Trailer de "Danger: Diabolik" (1968, Mario Bava)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Rocketeer blaxploitation!



A exumação de hoje é o trashíssimo "Black Samurai" de 1977, caríssimos! Jim Kelly, o eterno Black Belt Jones, é o cara. Ele estrela essa pérola blaxploitation no papel título, o que não é pouca coisa.

Black Samurai, não muito diferente do anterior Black Belt Jones, é o agente secreto da organização DRAGON. Ele teve sua namorada chinesa seqüestrada por seita vodu (!) que contrata anões vestidos de caubói lutadores de kung fu (!?), zulus mascarados e urubus treinados para matar (!?!) pra acabar com a sua festa.

Os esforços dos vilões são inúteis, claro, pois Black Samurai utilizará toda a sua versatilidade - tanto no quesito atuação quanto no quesito fodacidade característica dos protagonistas blaxploitation - para resgatar a moça e acabar com a graça dos meliantes. Como? Além de jogar tênis, sentar a porrada em marginais, dirigir os melhores carrões estilo 007 dos anos setenta (com direito a telefone e escopetas embutidos!), e ter um charme todo especial com o elenco feminino, Black Samurai deve invadir o covil do vilão bruxo líder, uma espécie de fortaleza construída segundo os parâmetros daquela mansão estranha do arquiteto Gaudi! Essa cópia barata do edifício famoso de Barcelona inclusive servirá de cenário para uns oitenta e cinco por cento das externas de todo o longa, deve ser um recorde!

Mas o mais importante não foi citado até agora... Além de enfiar a bolacha nos bandidos e acabar com a mocinha gostosa, Black Samurai ainda voa!!! É a primeira primeira vez num blaxploitation em que é possível assistir a um negão alado, graças à maravilha tecnológica da mochila-foguete estrategicamente estocada na mala do carrão do Jim Kelly!

Urubus assassinos, anões caubóis do mal, rituais macabros de vodu, lutas toscas com capangas incompetentes, esfaqueamento de saco escrotal, dublagem porca durante o clímax, e o Jim Kelly voando com sua mochila-foguete. É preciso dizer mais? Tosqueira trash mega recomendada!


Jim Kelly, o pássaro negro graças à mochila foguete em trecho de "Black Samurai" (1977)




terça-feira, 10 de julho de 2012

O "Blackzorcista"!!



A semana começa na mais pura negritude, caríssimos! Simbora partir pro blaxploitation!


A exumação de hoje é "Abby", um black-plágio de um mega sucesso mega copiado no mundo inteiro! Se "O Exorcista"  de 1973 foi imitado pelos turcos (mas é claro que sim, com o "Seytan"!) e pelos italianos (com o bisonho "Chi Sei?" ou "Behind The Door"), por que um blaxploitation não poderia imitar também? Nem preciso dizer que todas essas três belas pérolas são do ano seguinte ao lançamento do clássico do terror de William Friedkin, 1974!

Mas "Abby" vem com adendos importantíssimos (o diretor dessa tosqueira é o mesmo de "Manitou", filme bizarríssimo cuja resenha ainda estou devendo!): se Max Von Sidow é o padre exorcista Merrin em 1973, em 1974 o religioso que bradará "Sai capeta!" é interpretado por nada mais nada menos que William Marshal, nosso eterno "Blacula"!!!

Outro adendo interessante é o fato dos papéis femininos clássicos de inocentes garotinhas brancas irem parar nas mãos de atrizes adultas no blaxploitation. Lembram-se da Dorothy, caríssimos, que na história original tem seis aninhos, mas que na adaptação black pro cinema virou uma professora de 24 anos, interpretada por uma Diana Ross de 34? Pois "Abby" é a nossa Regan! A garotinha imortalizada por Linda Blair com seus doze aninhos possuída pelo demônio sumério Pazuzu dá lugar a uma dona de casa religiosa e conselheira conjugal, casada com um reverendo! Que é possuída por nada menos que... Exú!!!

"Pra quê sutileza subliminar no terror quando podemos ser toscos?",
pergunta-se Abby.

Nessa versão não temos o vômito-ervilha clássico, mas Abby chega a dar suas babadinhas graças ao efeito especial baixo orçamento obtido com comprimidos efervescentes. Não temos a protagonista descendo assustadoramente as escadas tal qual uma mulher-aranha acrobata do Cirque du Soleil, mas ela foge do hospital durante o obrigatório exame médico empurrando aleijados e chutando doentes. E também não temos a cena chocante da vítima possuída futucando as suas partes pudendas com um crucifixo, mas Abby chega a patolar o padre exorcista!!!! Pois é, Exú faz questão de ser uma entidade bem danadinha! Abby não é uma menina indefesa amarrada na cama, ela é uma adulta possuída e tarada que adora tripudiar de qualquer negão que porventura não seja bem dotado!

Abby põe seu vestido curto e seu blazer de lapela nada discreta e sai dirigindo pela noite! A propósito, nesse plágio não temos a clássica cena da cabeça virando... a lapela colossal jamais permitiria! Mas como se trata de um blaxploitation, uma maria-mole pra quem adivinhar onde nossa heroína endemoniada vai em busca de sexo animal? Numa boate disco, antro da perdição, música negra e amor livre, bicho - é claro! Repleta de garçonetes-quengas de cabelos black power gigantescos e cafetões de óculos escuros e ternos ultra coloridos, sempre com aquele bom gosto característico no modo de se vestir! Afinal de contas, a palavra cafona só será inventada mais ou menos depois dos anos oitenta!

Esqueçam o clímax claustrofóbico do filme original no quarto de clima gélido da menina, pois o duelo apoteótico em "Abby" é na boate de clima disco! Nossa querida protagonista, tal qual Carrie, a Estranha, toca o terror na população andrajosamente vestida, aguardando desafiadoramente a batalha final com o exorcista. Ela faz ventar, solta faíscas, taca fogo no globo luminoso do teto, provoca terremotos, apronta o diabo (!). Frente tamanho poder, nosso exorcista-Blacula se utiliza de artifícios ecumênicos: ele abandona a cruz e apela, se transforma de pastor em pai de santo!!!! Imperdível!!!

Recomendadíssimo para os amantes do trash. Os aficcionados por filmes assim já podem esperar por seu único problema, o aspecto mais assustador num longa de terror desse tipo não é o demônio nem a possessão, mas sim a atuação pavorosa dos atores! E nem se preocupem com o fato de ser plágio, pois segundo as lendas, Bolaños "Chespirito-Chaves" clama há anos que o livro e o filme "O Exorcista" foram plágios de uma idéia original sua de 1973 (!), sobre uma menina possuída que movia objetos e voava sobre a cama!!! Talvez tenha sido do mesmo jeito com "Abby", a imitação acabou saindo sem querer querendo!

Trecho de "Abby", onde a risonha personagem resolve passear à noite
 

 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A fantástiquis pré-MTVizis, cacildis!



O The Dark One Podtrash dessa semana sobre Os Trapalhões (http://td1p.com/podtrash-96-a-internet-discada-e-atrapalhada/) foi um festival de nostalgia pura, caríssimos!

Fiquemos então com momentos inesquecíveis desse quarteto fantástico! Quem foi moleque na época certamente recordará com um sorrisão de orelha a orelha de alguns dos melhores momentos da história videoclíptica brasileira, sem exagero nenhum! Bem antes da MTV surgir e passar Michael Jackson e seu "Thriller" pros States e pro mundo, se o programa dominical da zebra possuída pelo demônio que dava o resultado da loteria esportiva - o "Fantástico"! - não exibisse em plena década de setenta superproduções dignas de Hollywoood, o programa dos Trapalhões dava conta do recado!

A zebra-satã do Fantástico só movia os olhos e a boca do mal!
Maldita criatura sinistra...


Para aqueles mais novos conhecedores apenas da atual heresia em forma de programa-rebarba da tevê (o Didi já tá gagá!), onde o dançarino de música baiana de alcunha reptiliana ousa substituir o insubstituível Mussum, aproveitem a palhinha a seguir desses mestres das trapalhadas e seus momentos audiovisuais musicados incríveis!

Nesse primeiro trecho temos os Trapalhões e Ney Matogrosso no programa da tevê em 1978, ou, para horror do Freddy Mercury, o "I want to break free" à brasileira!


Querem metal? Diretamente do filme "Os Trapalhões no reino da fantasia" (1985), a banda Heavy Trap's, com destaque para Zacarias de Brian Johnson e Mussum na batera! Detalhe: Lenine também participa!




Mussum metaleiris


Já o próximo é clássico dos Trapalhões - e quiçá um dos melhores clipes já feitos no Brasil-sil-sil! A dramaticidade da letra em sincronia perfeita com os detalhes das imagens, a elegância de Didi encarnando a mulher à espera do amor perfeito, a riqueza metafórica e o show de interpretação, os cenários sublimes... "Teresinha" de Chico Buarque na voz de Maria Bethânia e dramatizado pelos Trapalhões... antologicamente trash!

 
Mas para que surja o debate do melhor video nacional, é preciso apresentarmos outro clipe espetacular de nosso Brasil varonil, onde não por acaso também tem o Mussum! Assistam a superprodução "O aniversário do Tarzan", dos Originais do Samba, de 1978, época em que o programa Fantástico era a meca dos videoclipes do Brasil! Esse, além de coreografia envolvente, tem participação especial de Russo (assistente de palco highlander!) como Popeye, bem como a presença marcante da Mulher Maravilha obesa, do Cebolinha e do Capitão América! Incrívis e imperdívis, cacildis!!





sexta-feira, 29 de junho de 2012

A metamorfose suprema da carne Parte II (ou "Forever young... I want to be forever young...")



A plástica é pop, caríssimos! Ser artista e envelhecer até parece que virou crime! O valor da estética da juventude eterna incorporada na sociedade ocidental tem no falecido "Peter Pan Jackson"  um de seus exemplos mais bizarros.

A metamorfose suprema da carne do ilustríssimo Lorde do Moonwalk inaugurou uma estranha prisão que já não é  tão nova para os cantores pop: eles são escravos da aparência! A própria música de Michael está irremediavelmente associada à sua imagem, seja cantando, dançando, aparecendo em clipes ou mesmo em tablóides. E os demais intérpretes e músicos prisioneiros da imagem ficaram paranóicos.

Se o áudio e a voz talentosa do cantor antes eram os fatores determinantes para o sucesso do artista, hoje em dia o visual ultrapassou todos os quesitos. Tanto que cantores com várias décadas de carreira resolveram travar uma guerra contra o envelhecimento (nada mais natural para formas de vida baseadas em carbono do que envelhecer, aliás!), partindo da idéia de que ao passarem uma imagem jovem eles permanecerão por mais tempo na indústria do entretenimento pop.

A seguir, o bizarro antes e depois de alguns cantores vítimas dessa triste tendência da ditadura da faca na cara (o antes vem rigorosamente antes do depois!):

Dolly Parton na década de setenta:



Dolly Parton tem peito de admitir que é tudo plástica!

Pete Burns do "Dead or Alive" nos anos oitenta


Pete Burns faz beicinho (!) quando o assunto é botox!

Elza Soares nos anos setenta

Elza Soares quer tomar o posto daquela
americana que gastou 4 milhões de dólares
pra virar um monstro-gato!


 O caríssimo leitor duvida? Que tal um jogo dos sete erros entre as duas?

"Se o Michael Jackson vira pantera no videoclipe, por que eu não?" 
- Jocelyn Wildenstein

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A metamorfose suprema da carne em duas dimensões

Para além da sociedade e do véu da carne, há um mergulho profundo na piscina de plasma, já dizia Jeff Goldblum em "A Mosca"! Talvez com esse pensamento e trilhando por esse caminho, muitos ídolos da cultura pop acreditam piamente que transcendem a mera materialidade mundana da carne! E por falar em metamorfose suprema da carne, nenhum ícone pop cuja forma de vida é baseada em carbono metamorfoseou tanto a sua carne quanto  Michael "A Mosca" Jackson! Mas deixemos de lado essa bizarra faceta (!) do Lorde do Moonwalk representada por cirurgias plásticas, narizes, vitiligos, cabelos flamejantes e que tais: assim como os seus irmãos, o ídolo das multidões se transformou em desenho animado!



Em 1971, a gravadora Motown resolveu dar uma animada (!) nos garotos do Jackson 5, reprisando o mesmo destino de outro fenômeno pop: os Beatles, que em 1965 também virou desenho norte-americano! Em ambos os casos, nenhum artista retratado nas animações dublou suas versões bidimensionais - o quarteto de Liverpool, por exemplo, ficou horrorizado com o resultado (imagina, os Beatles sem sotaque inglês!), e o programa jamais passou na tevê britânica. Já a desculpa do Jackson 5 era conflito de agenda! Apesar disso, as animações fizeram sucesso nos States e sempre incluíam dois clipes musicais inteirinhos nos seus episódios.

Abaixo, trecho animado dos Jackson 5 impedindo Michael Jackson, Marlon e os ratos de estimação do pequeno Michael (!) se alistarem por engano, ao som de "I Want You Back":


Querem Beatles? Aqui eles vão pro espaço sideral cantar "Day Tripper"!


A animação dos ídolos pop prossegue! Os caríssimos podem ão acreditar, mas ali por volta de 1976, Muhammad Ali (!), que tem no currículo bonecos de brinquedo com a sua cara e participação em gibis do Super-Homem, também vai estrelar o seu desenho! Mas como megalomania pouca é bobagem, o nome da atração do ídolo do boxe é "Eu Sou O Maior: As Aventuras de Muhammad Ali"! Abaixo, um episódio inteirinho!


Os caríssimos são incansáveis, eu sei! Preparados para o horror da metamorfose da carne em desenho animado? Fiquem com a inominável animação de 1983 de... Mr. T!!! Que vinha com lição de moral no estilo do He-Man, mas com a sutileza e charme do Mr. T!! Por algum mistério pop insondável, essa aberração durou três temporadas! Sinistro!



  P.S.: Uma questão pertinente: quando o Gorillaz vai transcender as limitações bidimensionais e se metamorfosear em bizarras criaturas de carne?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Moonwalk na estrada dos tijolos amarelos


"Oliver Twist", "Alice no País das Maravilhas", "A Fantástica Fábrica de Chocolates", "O Mágico de Oz"... Alguns desses livros infantis da língua inglesas famosos no mundo inteiro acabaram virando peça de teatro, desenho animado, quadrinhos, filmes, espetáculos musicais da Broadway - tem até ópera do "Alice no País das Maravilhas"!

Mas no quesito cinema, existem filmes baseados nessas fábulas voltadas pra molecada que excedem magnificamente em categorias que estimo demais: o bizarro, o surreal e o estranho. Sim, o caríssimo leitor quase certamente concordará com esses aspectos, se pensarmos na verdadeira viagem lisérgica dos Estúdios Waldisnei que é a animação baseada na obra de Lewis Carroll, ou na bizarríssima viagem de barco pela fábrica maluca do insano Gene Wilder em "A Fantástica Fábrica de Chocolates" de 71! E se "O Mágico de Oz" de 1939 não for psicodélico o suficiente, sempre podemos contar com a mãozinha musical do lado escuro da lua do Pink Floyd para isso! Ou, pra radicalizar de vez, não esqueçamos de "Zardoz", o "filme-cabeça" (!) estrelado por Sean Connery onde Oz desempenha um papel fundamental!

Assim, levando em consideração toda a psicodelia, o surrealismo e a bizarrice do parágrafo anterior, é preciso mencionar que nada é definitivo: o que é estranho sempre pode ficar mais estranho, principalmente quando lidamos com Oz! Em 39 Judy Garland visitou esse lugar surreal e fantástico. Em 71 os turcos plagiaram. Em 84 Os Trapalhões falaram do problema da seca com "O Mágico de Oroz". Em 74 o conto sobre o Mágico de Oz tem papel fundamental na construção da distopia pós apocalíptica de Zardoz. Mas foi em 78 que o movimento do blaxploitation se apropriou de Oz, com resultados no mínimo bizarros! Por quê? Bem, por vários motivos. Um dos principais é que a Dorothy dessa versão não é uma garotinha inocente, e sim uma professorinha de 24 anos! Outro, igualmente relevante, é que Michael Jackson, o Rei do Bizarro, está no filme!



"The Wiz" (78), dirigido por Sidney Lumet, é a transposição da Motown pras telas do musical de sucesso da Broadway com elenco todo negro. Tudo é estranho ao cubo nesse filmaço! A Diana Ross de 34 anos de idade na época fez um escândalo pra ser a protagonista, que na história original tem só seis anos! Oz na verdade é uma Nova Iorque muitas vezes sombria e assustadora, e a trama foi remodelada para adequar questões sociais negras, pertinentes ao movimento blaxploitation daquele período nos States. Tudo tem explicação, caríssimos! Dorothy nesse filme não pode mais ser uma garotinha e a Terra de Oz não é mais fantástica e maravilhosa: a inocência morreu com a opressão e Oz é um gueto!

Sim, a Oz blaxploitation tem que ter lixões, pichações, terrenos baldios, prostitutas, cafetões coloridos, um metrô sinistro e perigoso... nada muito diferente à Nova Iorque verdadeira, por sinal! E por falar no metrô de Oz-Iorque... as pilastras e latas de lixo possuídas pelo demônio  são tão baixo orçamento que conquistaram minha simpatia imediata! Quanto ao Michael Jackson, ele é o Espantalho que não é estúpido, só está confuso. Michael segue tropeçando ao lado da Diana Ross na sua jornada em busca de uma identidade própria, evidenciando um caráter sinistramente profético ao filme!!

Ironia das ironias: Michael Jackson NÃO dança durante
 o seu número musical! É, às vezes "You Can't Win"!


Esse musical tem suas falhas, mas é esquisito demais pra ser deixado de lado. A Dorothy velhinha, o Homem de Lata com suas quatro ex-esposas, o Richard Pryor no elenco, os macacos voadores motoqueiros, a dança disco/kitsch/ultra colorida no pé do World Trade Center, os bebezinhos pendurados por fios na música da Bruxa Boa emplastrada de purpurina no final... Admito, sou fã das bizarreiras presentes nesse verdadeiro fiasco de crítica e de bilheteria! Não percam por nada!

Trailer de "The Wiz" ("O Mágico Inesquecível", 1978, Sidney Lumet)


sexta-feira, 22 de junho de 2012

O maníaco por manequins escalpelando e apelando



O que seria um filme slasher sem perseguições aterrorizantes a mocinhas indefesas com música sinistra de pano de fundo, mortes horrendas e escabrosas e, principalmente, um assassino serial com distúrbios psicológicos severos? Não teria nenhum cabimento, não é verdade? E que tal elevar esses atributos todos a um nível mais estranho ainda?


Um dos filmes perturbadores comentado no The Dark One Podtrash dessa semana sobre "A Centopéia Humana" (http://td1p.com/podtrash-94-todos-juntos-agora/) é representante digníssimo da categoria slasher, o "Maniac", de 1980. Foi dirigido por William Lustig, o cara responsável pelo tosco porém maneiro "Maniac Cop" (não se vê todo dia um tira zumbi promovendo chacina por aí!), e a maquiagem fica por conta do mestre Tom Savini, que aqui nessa pérola não decepciona os espectadores  de coração sangrento! A obra é roteirizada e estrelada pelo "Tony Manero" do gore, o descendente de italianos Joe Spinell. Esse carrancudo carcamano atuou em singelos - e violentíssimos! - filmes de superação da italianada norte-americana, como "O Poderoso Chefão" e "Rocky", vejam só!


Em "Maniac", ele é o maníaco (!) que dá um show de interpretação. Testemunhamos nervosamente ao longo da projeção um sujeito realmente perturbado. Ele resmunga sozinho, tem pesadelos, conversa e se desculpa com a sua falecida mãe - ela tem um altar próprio em seu apartamento roxo. A mãe abusou dele no melhor estilo Norman Bates e agora o demente resolve se vingar de todas as mulheres que achar pela frente, claro! Frank Zito, o doido, carrega seus instrumentos de morte e escalpelamento numa simpática caixa de violão, à moda independente de El Mariachi! Além disso, há outros detalhes pitorescos da casa dele: bonecas presas em gaiolas e... os famigerados manequins.


Esqueçam a linda e açucarada comédia romântica da Sessão da Tarde, "Manequim, a Magia do Amor"! Sim, o maníaco Frank Zito dorme por vários dias com manequins muito especiais... eles têm nas suas cabeças o escalpo ensangüentado da mulherada vítima dos assassinatos mais grotescos preso a marteladas enquanto ele conversa com a mamãe! As vítimas? Uma prostituta estrangulada lentamente, uma enfermeira esfaqueada durante uma perseguição de tirar o fôlego no metrô, a "fucking friend" do Tom Savini Disco Dancer! É sério, Tom Savini em trajes de Tony Manero tem a sua cabeça explodida nesse filme de um jeito tão espetacular que rivaliza com a lendária cena de "Scanners" do Cronenberg!!


Tom Savini... Sua mente pode destruir!


Por fim, as alucinações do protagonista atingem um clímax perfeito, e o feitiço volta contra o feiticeiro! Estejam preparados para a vingança dos manequins sangrentos numa cena com certeza inesquecível! Essa obra banida em tudo quanto foi lugar é recomendada para todos aqueles maníacos por filmes sobre maníacos (Rá!)!


Trailer de "Maniac" (dir. William Lustig, 1980)

     

terça-feira, 19 de junho de 2012

Comer, Rezar, Amar... ou Vomitar, Esquartejar, Ejacular... Empalhar.

O que é a Centopéia Humana? Ela é bizarra. Ela é grotesca. Ela é nojenta.

Muito parecida com o mundo bizarro, grotesco e nojento em que vivemos, por sinal.

Pela união do trato digestivo das vítimas do filme de terror barato resenhado no The Dark One Podtrash dessa semana, a "Centopéia Humana" (http://td1p.com/podtrash-94-todos-juntos-agora/), o que falta ser mais horrendo do que participar de tão íntima e escatológica experiência?

Ora, o mais horrendo seria explicar que as cenas bizarras, escatológicas, grotescas e nojentas  presentes no seu filme são uma crítica social e política às instituições do seu país de origem, mais precisamente no Leste Europeu!

Mas caríssimos, a exumação de hoje não é "A Serbian film - Terror Sem Limites" (2010), filme horrendo (em todos os sentidos!) que faz crítica social e política às instituições da Sérvia! A exumação de hoje é um filme horrendo (em todos os sentidos!) que faz crítica social e política às instituições da Hungria! E é de 2006! O terror sem limites está um pouco mais ao norte da Sérvia!



Fiquemos, então, com "Taxidermia", de György Pálfi, uma espécie de metáfora surreal-grotesca sobre três gerações da sociedade húngara com cenas bizarríssimas que não assistimos todo dia no cinema. Elas não estão conectadas do mesmo jeito que na Centopéia Humana, elas estão ligadas por algo muito mais horrível... o parentesco!



Na primeira parte dessa viagem em forma de película, acompanhamos a crítica ao militarismo durante a Segunda Guerra Mundial no dia-a-dia dos húngaros. O filme pega pesado no surrealismo, então posso dizer que muita coisa inédita no cinema em termos de bizarrice nos será apresentado. O protagonista dessa parte, um soldado raso pedófilo com lábio leporino que dorme no estábulo de um figurão militar, adora se masturbar com banha de porco observando as filhas e a esposa gorda desse figurão. É a primeira vez, como admirador do cinema bizarro, que pude assistir uma banheira de madeira se transformar em berço, mesa de velório, mesa pra fazer pão e bacia de parto numa seqüência muito bem filmada em 360 graus, além de um homem ejacular fogo (!?!) e o sexo grotesco com o cadáver de um porco - que vai gerar o protagonista da segunda parte, portador de um lindo rabo suíno! Tudo isso só na meia hora inicial do filme!



Na segunda parte, o moleque se torna um glutão obeso mórbido, além de campeão olímpico húngaro de uma nova e bisonha modalidade esportiva por trás da Cortina de Ferro... comer pra cacete muito rápido!

E parece que esse "esporte" ultrapassou as fronteiras soviéticas da época da Gerra Fria e faz muito sucesso atualmente nos States, como o bizarro-vídeo abaixo pode comprovar...

Coreana maluca quase quebra seu próprio recorde mundial devorando asinhas de frango nos EUA

Como diria o maldito Will Ferrell, a vida é mais estranha que a ficção!

E com o que mais somos brindados nessa segunda parte bisonha da história húngara? Com uma singela e edificante seqüência de vômitos, regurgitações e que tais! Após se casar com uma linda e enorme moça que também devora tudo pela frente nessa diferente modalidade esportiva por demanda da Vida, essa entidade batalhadora que sempre procura se perpetuar operando milagres, nosso glutão gera prole pra fechar o filme na terceira geração de esquisitice!



O mais bizarro, evidente, fica guardado pro final, a Hungria capitalista: o filho do comilão Jabba The Hut (a esta altura ele tem o peso idêntico ao de uma caminhonete) é um branquelo raquítico taxidermista!!!! É quase como se Willy Wonka resolvesse empalhar criancinhas ao invés de fabricar chocolates fantásticos pra molecada! Ou melhor, imaginem se o inesquecível Dr. Phibes tivesse deixado um dedicado e cadavérico aprendiz embalsamador como herança de horror, medo e desepero para o mundo! Pois se no primeiro segmento - o de crítica ao fascismo - tivemos perversão sexual e no segundo - crítica à Guerra Fria - vômitos e nojeira de sobra, no final - o de crítica ao capitalismo - temos um festival de sangue, vísceras, animais de estimação devoradores de gente e empalhamento macabro! O realismo explicitamente "gore" do final é de uma agonia atroz, quase sadomasoquista, eu diria, para quem está assistindo!

Enfim, "Taxidermia" é imperdível para os amantes do cinema bizarro, cujo mote pode perfeitamente ser o velho clichê de a arte imitar a vida... com a singela adição, claro, de também imitar a morte!

Trailer surreal de "Taxidermia" (2006)
Atenção! Cenas impróprias para menores a seguir, contendo... bem, quase tudo de grotesco que um trailer pode ter, incluindo a união romântica do adorável casal que deve somar o peso de um Boeing!



sexta-feira, 15 de junho de 2012

O melhor amigo do homem é a carrocinha

A semana é de mundo-cão aqui no blog, portanto simbora desconstruir a noção de que os piores inimigos dos carteiros são os melhores amigos do homem no cinema!

Chega de Lassie telepática e arrogante: aquela collie SEMPRE consegue falar o que quer, já perceberam? Só pode ser telepatia! Sem mencionar que a última palavra - ou melhor, o último latido - é sempre daquela perua! Chega do etnocentrismo do Rin Tin Tin, colaborador covarde e traiçoeiro do massacre aos apaches perpetrado pelos Estados Unidos!

Está decidido: precisamos provar que os chineses é que têm razão! Nada mais de cachorro embaixo da mesa durante o almoço familiar, o melhor é o cachorro no menu principal durante as refeições de cada lar desse país! Antes, claro, que os terríveis cães tenham a chance de almoçar os brasileiros!!

Comprovando essa teoria absolutamente correta sobre a periculosidade canina, destaco exemplos de filmes onde esses monstros de quatro patas são tudo, menos os amigos do homem!



Pra começar, Sílvio Santos já nos alertava há mais de vinte anos em sua Sessão das Dez, domingo sim, domingo não: pela primeira vez na televisão, ele passava (pensando na segurança pública, claro!) "A Gangue dos Dobermans (1972)" sem nunca ter assistido o filme - a sua filha, óbvio, assistia por ele! Essa pérola incansável do SBT mostrava esses quadrúpedes ganaciosos assaltando bancos profissionalmente! Cuidado!

   Trailer de "A Gangue dos Dobermans" (1972)

O próximo deve ser mantido longe do alcance das crianças! Essa encarnação hidrofóbica de Belzebu na Terra foi picada por um morcego radioativo e decidiu promover medo, horror e desespero pra cima de uma mãe e seu filhinho trancados em um carro! Estou me referindo à criação mais maligna do Stephen King, mais terrível que Carrie, o palhaço It e Christine o Carro Assassino juntos! Observem a personificação da raiva e do ódio sobre quatro patas, o São Bernardo dos infernos, aquele cujo nome é Cujo!



Trecho de pura agonia de "Cujo" (1983)




Porém a epítome canina do mal é Baxter, o bull terrier psicopata assassino de velhinhas e bebês! Nesse filme francês imperdível (e esclarecedor!) de 1989, narrado pelo próprio cãozinho que pensa - e até arquiteta planos macabros para matar tudo e todos que encontra pela frente -, acompanhamos sua sinistra trajetória passando de dono em dono, até descobrirmos, sem brincadeira, que nosso protagonista quadrúpede que nutre ódio mortal pela humanidade (e adora um rabo de saia!) é a reencarnação de Adolf Hitler!!!! Pra quem duvida, o filme inteiro está aqui embaixo no youtube com legendas em inglês:
http://www.youtube.com/watch?v=_fZN69FKVeY&feature=related 

Trailer de "Baxter" (1989)
Sinistro!


Pois estejam avisados, caríssimos! Se quaisquer dessas criaturas do mal abanarem o rabo pra vocês...

Tenham medo, muito medo!