quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O inferno são os outros


"No fim, tudo morre".




Essa é uma das primeiras frases da obra maldita exumada de hoje que fracassou nas bilheteria na época do seu lançamento em 1960, "Jigoku" ("Inferno", em português), filmaço do diretor de terror Nobuo Nakagawa, considerado o primeiro filme gore da terra do sol nascente.



Mas antes do final sangrento e sádico no Inferno propriamente dito, a história repleta de remorso, vingança e angústia se passa no inferno terrestre - a vida pode ser tão terrível quanto o temido além, parece ser essa a mensagem do diretor -, onde o protagonista é cúmplice no atropelamento e fuga de um bandido bêbado. A partir desse momento, a vida do pecador Shiro - e de todas as pessoas que ele conhece - passa a ser repleta de desgraça e morte.

O elenco todo sofre horrores em vida na primeira parte do filme: a mulher vingativa do bêbado atropelado escorrega da ponte, a namorada do Shiro sofre acidente fatal de carro, a mãe dele morre doente, a amante do pai cai da escada e parte o pescoço, o peixe estragado e o saquê envenenado servido na festa extermina o restante do elenco... Enfim, as ações moralmente condenáveis dos personagens vão culminar num festival de mortes sinistras!



E aí, vamos pra surreal segunda parte do longa... no inferno! Os condenados sofrem em cenas de olhos perfurados, de afogamento no mar de pus, de pés pregados no chão repleto de estacas, de gente enterrada de cabeça pra baixo. Os personagens principais ficam com o melhor: o pai adúltero é esfolado vivo enquanto seus dentes são destruídos na base de porretes demoníacos, a cabeça da amante é separada do corpo - o que não a impede de continuar gritando! -, um outro deve passar sede pra sempre porque roubou um cantil d'água de um soldado sedento durante a guerra... É um festival dos horrores com muitos momentos sangrentos e sádicos, nesse filme impressionante de cinqüenta anos atrás.






Eu particularmente prefiro as cenas infernais dos filmes do Zé do Caixão (que vieram alguns anos depois de "Jigoku"), elas são melhores, mais aterradoras e perversas, mas fica aqui o reconhecimento ao mestre japonês do medo Nobuo Nakagawa, um dos grandes precursores do cinema nipônico de horror grotesco, bizarro e único de hoje em dia.

Kampai!

 Trailer de "Jigoku" (Nobuo Nakagawa, 1960)

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