quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Amor, insano amor


                                                    A paixão surreal dos doidos de pedra


Antes que o ano - ou o mundo! - acabe, exumemos, irmãos, dois filmes surrealistas de insanos casais apaixonados e uma banda muito louca (literalmente!), porque o amor é lindo e psicótico!

A primeira pérola é o tailandês "Mah Nakorn" (Citizen Dog, de 2004), sobre os encontros e desencontros da maluca por limpeza e guardiã das garrafas de plástico Jin e sua metade da laranja, o enlatador de sardinhas Pod, cujo dedo decepado está recosturado na mão de um amigo de trabalho da fábrica! Essa linda história de amor ainda vem com moto-taxista zumbi graças à chuva de capacetes, garotinha com seu ursinho - ambos fumantes -, um lambedor frenético e a encarnação da avó do Pod como lagartixa tosca!



Trailer de "'Mah Nakorn"

O segundo filme 'Loucos, muito loucos" (1991) tem Ted Raimi paranóico e trancado em seu apartamento há seis meses. Ele alucina com aranhas no cérebro, furadeiras, cantores de rap e um médico em particular (interpretado pelo mestre Bruce Campbell!). Tendo apenas o papel alumínio como defesa contra suas fobias, acaba conhecendo sua pombinha (uma maluquete expulsa de casa pelo namorado) por causa de uma ligação cruzada num orelhão!



Trailer de "Loucos Muito Loucos"

Pra embalar essa doideira toda, fiquemos com os autores de "A Balada do Louco", em apresentação insanamente espetacular!

"Ando Meio Desligado" (Os Mutantes)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Afoguem o velho batuta no mar!


Caríssimos, os tenebrosos papais noéis de shopping entulhados de neve de isopor e o escroto e hipócrita amigo oculto de escritório ficaram pra trás!

Acabou o Natal finalmente! Agora é pra valer, essa é a semana decisiva, é o aquecimento fundamental pra verdadeira festa de fim de ano, onde beberemos - sempre! - seja pela alegria, seja pra afogar tristezas, pra traçar metas, enfim, qualquer que seja o motivo, a primeira ressaca de 2012 (e de 2013, 2014...) deve ser, obrigatoriamente, monumental - e inesquecível!

De preferência, de frente pro mar... mas quem for do Rio, cuidado: a festa religiosa pras divindades marinhas em Copacabana foi quase expulsa pelos mega eventos e techno-shows modernosos, e a areia, espaço público por excelência, está loteada por cadeias de hotéis que cobram centenas de reais aos sujeitos que se prestam a ir pra praia no reveillon - mas odeiam multidão!!!



Após um desabafo alcóolico, bebadamente lhes convido a iniciar a semana (na terça, que os trabalhos cachaçais já começaram!) com a mineira Clara Nunes, invocando o seu amor ao mar!

"Conto de Areia" (Clara Nunes - "Alvorecer", 1974)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

E se James Bond fosse... indiano?


Pois bem, carísssimos, Bollywood é o que há!

Depois de Tony Manero e Arthur o Milionário à moda da Índia, preparem-se pra uma interpretação de 007 (aquele famoso espião pegador cheio das tecnologias contra vilões sinistros) mil vezes pior que a do Timothy Dalton na exumação de mais uma tosqueira do cinema indiano! Pois o canastrão britânico entrega pra Mithun Chakraborty  - o ator que protagonizou "Disco Dancer", o plágio de "Os Embalos de Sábado à Noite"! - o título de pior James Bond da história! Mas se bem que o herói dessa fita bollywood de ação, espionagem e - muita, mas muita mesmo - cantoria não atende pelo codinome 007, e sim G-9 (Golimar - 9?)!

É até meio complicado a gente falar em plágio com essas produções bizarras, porque o produto final não fica nem um pouco parecido com os filmes do Ocidente, graças à visão bem particular dos realizadores indianos sobre o mundo. Pois saibam que no universo bollywood, todo mundo canta e dança freneticamente entre uma cena e outra de trama! O plágio fica só no nome!

O filme exumado se chama "Suraksha" (79) e é estrelado pelo mesmo ator que fez o John Travolta de araque do tosquíssimo "Disco Dancer", pauta do Podtrash dessa semana (http://td1p.com/podtrash-67-cante-e-conquiste-disco-dancer/)! E pasmem: esse 007 (ou G-9!) indiano é comedor, cínico e portador dos equipamentos de última geração que só o agente ídolo das multidões de Bombaim pode ter! O carro modernoso dele vem com a solução perfeita pra casos de veículo desgovernado despencando abismo abaixo: o pára-quedas mais zero orçamento do cinema!

Outra tecnologia do filme talvez seja a maior invenção proporcionada pelos cientistas da agência de espionagem: o cigarro-sonífero pós coito! Após passar o ferro na bondgirl hindu, nosso intrépido herói garante que a gostosa porém tagarela moça durma logo após uma tragada só! E assim G-9 está livre para esbofetear capangas e cantar e dançar freneticamente!

Pra finalizar, o vilão do filme, o Dr. Shiva, é qualquer negócio de estranho: imaginem um misto de Blofeld com Scaramanga e dr. No... de barba e tapa olho!!! Que clona as pessoas e comanda um exército de homens-robô!!!

Se os caríssimos leitores tiverem paciência - e estômago! - pra mais de duas horas de filme bollywood, essa é a pedida pra um Natal inesquecivelmente trash!!!

Minha gente, olha como é o covil do vilão megalomaníaco (o herói é o de blazer branco e cachecol verde!):



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E se Arthur, o milionário fosse... indiano?



No ritmo bollywood do "The Dark One Podtrash" dessa semana (http://td1p.com/podtrash-67-cante-e-conquiste-disco-dancer/), vamos de overdose hindu!

o compositor Jabba Bappi "The Hut" Lahiri


Fiquem com a música - premiada! - do compositor Bappi Lahiri para "Sharaabi" (84) - ou algo como "O Bêbado" -, mais um filme-plágio indiano, com música do nosso querido e vasto Rei da Música Disco hindu sobre um certo playboy magnata alcóolatra e baixinho: "Arthur, o Milionário" Sim, é sério!

Abaixo,  uma construtiva música sobre o alcoolismo!

Jahan Chaar Yaar Mil Jaayen Wahin Raat Ho Gulzar ("Shaarabi", 1984)



Um brinde ao Dudley Moore do Mundo Bizarro de Bollywood!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Esqueletos emparedados fora do armário


Da tríade dos grandes mestres do cinema de horror italiano - Dario Argento, Mario Bava e Lucio Fulci -, o terceiro é conhecido por seus filmes recheados de gore escabroso e violência. Obras como "Terror nas Trevas" (81), "Zombie Flesh Eaters" (79) e "The New York Ripper" (82) estão banhadas em sangue e tripas pra todo lado!

Mas não vamos rotular mestre Fulci como o diretor do gore apenas, porque ele foi muito bem sucedido no quesito suspense de mistério - o tal do "giallo". Temos de exemplo suspenses excelentes como "Mulher no Corpo de Lagartixa" de 1971 (sim! O título é esse!), "O Estranho Segredo do Bosque dos Sonhos" (72) e, claro, a obscura exumação de hoje, "Sette note in nero", de 77, com o seu terrível título entrega-trama em português, coisa que nós brazucas nos especializamos! - "Premonição"!

Nesse filme Lucio Fulci mostra que é muito competente no quesito suspense, ele não depende só da violência desenfreada pra criar um climão assustador. Aqui não tem quase nada de sangue, apenas a atmosfera aterrorizante por causa da trilha sonora, do trabalho com a câmera e a atuação bacana dos protagonistas. O trabalho da bela atriz principal é bem maneiro. Ela é Jennifer O'Neill, carioca de nascença filha de europeus - e foi casada nove vezes!

Na trama, nós somos apresentados a uma decoradora paranormal recém casada com um playboy italiano. Ela tem visões estranhas que vão se repetindo ao longo do filme, como num quebra-cabeças pro espectador construir durante a projeção. Em sua primeira visão ela descobre o esqueleto de uma antiga namorada do seu marido emparedado na mansão! Como suspeito principal, o maridão vai em cana, e nossa heroína precisa investigar esse mistério com a ajuda de um intrépido parapsicólogo!

Trecho de "Premonição"



Dois detalhes maneiros: no primeiro, a cena de abertura onde nossa heróína ainda criança presencia o suicídio da mãe se atirando do penhasco a quilômetros de distãncia é muito parecida com a cena final de "O Estranho Segredo do Bosque dos Sonhos", onde um personagem cai no abismo e vai destruindo a cara - só a cara! - pelo precipício! O segundo detalhe é que a musiquinha do relógio que se transforma na trilha sonora de "Premonição" vai aparecer em "Kill Bill vol.1", como tema de O Ren Ishii! Viva Tarantino e suas referências!

Tema principal de "Premonição"

Tema de O Ren Ishii ("Kill Bill vol.1")


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Zumbi!

Um começo de semana mega zumbificante para vocês, caríssimos!

Seguindo a onda do "The Dark One Podtrash" dessa semana (http://td1p.com/podtrash-66-6-aha-uhu-zombie-flesh-eaters-vai-comer-seu-bolo/), vamos iniciar com uma música nacional de zumbi!

Mas não é um comedor de miolos qualquer, fiquemos com Zumbi dos Palmares, o maior do Brasil!



Salve Jorge!

"Zumbi" ("A Tábua de Esmeralda", 1974)



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O boato do baião bolado dos Beatles


Por incrível que possa parecer, rolou uma história nos anos 60 - no auge da popularidade dos Beatles no mundo todo - de que John, Paul, George e Ringo iriam gravar "Asa Branca", do nosso querido rei do baião, Luiz Gonzaga, pro próximo disco deles!

O empresário Carlos Imperial até dizia que a melodia de cítaras de "Inner Light", composição de George Harrison pro disco "Lady Madonna" de 1968, tinha a mesma pegada do início de "Asa Branca"! E um porrilhão de gente acreditou!



Ouçam a canção dos Beatles aqui embaixo:

Inner Light ("Lady Madonna", 1968)


Tudo isso era apenas boato! As vendas dos discos de Seu Lua estavam caindo. Aliás, as vendas do disco de tudo quanto era artista dos anos 60 no mundo inteiro declinavam por causa da beatlemania, ora! - se bem que no caso de Luiz Gonzaga, a ascensão da Jovem Guarda, os reis do iê-iê-iê, também tiveram a sua parte na queda dos lucros do rei do baião no Sudeste do Brasil. Mas essa singela invenção recuperou a popularidade do autor de "Asa Branca" e ele continuou sua carreira nos rádios e na tevê quando muita gente boa virou carta fora do baralho nessa época. É aquela velha história do dito popular: se não se pode vencê-los... pegue carona no submarino amarelo!

Fiquemos com a apresentação pra tevê onde Luiz Gonzaga interpreta sua clássica composição em conjunto com Humberto Teixeira e está acompanhado de muita gente boa, de Clara Nunes e João Bosco até ao Caçulinha do Faustão!

"Asa Branca" (em apresentação pro "Fantástico" da TV Globo, em 78)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Deus, vampiros, insetos... e dinossauros


No "The Dark One Podtrash" vampiresco dessa semana (http://td1p.com/podtrash-65-anoiteceu-fudeu-vampiros-de-john-carpenter/) falávamos da quantidade relativamente grande de filmes de Hollywood sobre vampiros a partir do final da década de 80 e década de 90 adentro: "Garotos Perdidos", "Drácula de Bram Stoker", "Entrevista com o Vampiro", "Vampiro no Brooklin", "Um Drinque no Inferno", "Blade" e o próprio "Vampiros", do John Carpenter.

Mas vamos falar de um filme bacana e meio obscuro com uma visão diferente dos chupadores de sangue hoje? É o mexicano "Cronos" (1993) do excelente Guillermo del Toro! Aqui o argentino veterano Federico Luppi encarna "Jesus Gris", um vovô dono de antiquário que encontra a fórmula da imortalidade descoberta por um alquimista de centenas de anos atrás, o tal do artefato "Cronos". Trata-se de uma traquitana semelhante a um escaravelho com um inseto dentro que pica e chupa (eita!) o portador tal qual um vampiro. O portador, em troca, passa a depender da geringonça, empalidece, fica vulnerável à luz do sol, e, claro, desenvolve uma sede de sangue terrível!

Caríssimo leitor, pense numa sede de sangue extrema. Depois que Jesus vira vampiro (!), tem uma cena em que ele lambe gotas de escorrimento sanguíneo nasal de um desconhecido no chão do banheiro masculino!!! Horror eterno!!!

Contudo, esse filme inverte aquela idéia do vampiro ser uma criatura maligna e demoníaca que estamos acostumados a assistir em outras obras. Parece que a imortalidade é presente divino garantida pelo inseto!

O personagem que é tio do Angel (esse Angel é vivido pelo talentoso feioso Ron Perlman, em sua primeira parceria com Guillermo del Toro) explica ser possível o inseto ficar vivo dentro do "Cronos" por centenas de anos porque aranhas e formigas conseguem ficar presas numa pedra por muitos anos e saírem vivas - os insetos pra esse doido são as criaturas favoritas de Deus!

Outros elementos cristãos além dos nomes dos personagens Jesus e Angel: o Cronos estava dentro de uma imagem de anjo do paoco, e o tio maluco fala que Cristo caminhava sobre as águas do mesmo modo que um mosquito!! Sério!! Tiozão doido por tiozão doido, fiquemos com um não fanático religioso: como esquecer do velhinho de "Parque dos Dinossauros"? Só que esse é um portador de outro tipo de fanatismo: ele arrumou um mosquito chupador de sangue pré-histórico bem conservado e resolveu recriar lagartos gigantes pra montar o parque de diversões mais esdrúxulo do mundo graças às maravilhas da ciência em detrimento da religião!

Fica a dica desse filme de vampiros bem inusitado, mas com atuações muito boas do elenco. Especialmente de Ron Perlman, que antes de fazer o Angel vilanesco em "Cronos" viveu um herege disforme em "O Nome da Rosa" (o inesquecível Salvattore - "Penitenziagitte!!") e depois virou um demônio super-herói sob a batuta de del Toro em "Hellboy"! Haja versatilidade ecumênica!

Trailer de Cronos

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Vampiras lésbicas ouvindo música e pegando um solzinho


Vamos começar a semana de forma sedutoramente sanguinolenta, caríssimos!

Diretamente da ensolarada ilha onde mora a maravilhosa e sedenta chupadora de sangue Nadine, fiquemos com a trilha sonora surreal-sexy de "Vampyros Lesbos" (71), filme pornô-light e cult do genial diretor-pornógrafo trash octagenário, Jess Franco!!!

Vampiras não podem pegar sol? Te lasque! Elas estão de topless!!!





"The Lions and the Cucumber" (Manfred Hübler & Sigi Shchwab, ou "The Vampire's Sound Incorporation", álbum "Sexadelic Dance Party", 1971)


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Derrotando o inderrotável (?!)


Caríssimos, os sacos de vômito estão aí do lado?

Pois muito bem, hoje vamos falar de "Undefeatable" ("O Desafio Final" por aqui), filme de 1993 lá de Hong Kong!

O diretor do troço? O inacreditável Godfrey Ho - pra poder fazer o filme de hoje ele trocou o Ho por Hall; sua reputação andava meio abalada, pois costumava pegar aqueles restos de cenas de filmes velhos de kung fu bisonho que ninguém mais queria e juntava com cenas de atores filmados dez anos depois pra fazer um filme novo!



A mocinha da história? Cynthia Rothrock! É, estamos falando da campeã mundial de caratê que inspirou a criação da personagem de videogame Sonia Blade do Mortal Kombat! Aqui em "Undefeatable" ela já era trintona, mas paga de adolescente carateca marota. Ela participa do Clube da Luta de araque da trama estilo Street Fighter pra pagar a escola da irmãzinha mais nova.


O vilão bisonho? Don Niam, o portador do mullet mais horrendo dos anos noventa! Nesse filme ele também participa do Clube da Luta ilegal! Só que depois de um dia duro de trabalho ele costuma estuprar a patroa em casa, até que ela se cansa e foge. Só que quando isso acontece ele pira, passa spray vermelho no cabelo e sai pelo mundo matando toda mulher parecida com a ex! Ele as estupra, amarra com corrente e arranca e guarda os olhos delas! O maneiro é que todas as vítimas ou são faixa preta de caratê ou vêm acompanhadas de um chinês campeão de kung fu!

Trecho da luta da mocinha e da psiquiatra (!) contra o vilão


Quando nosso querido assassino serial carateca e doente mental confunde a irmãzinha da Sonia Blade com a sua ex-mulher e acaba com ela, nossa heroína, juntamente com um policial canastrão, parte em busca de vingança! E tome cenas de ação toscas da mocinha em cima de latões, gangue com coreografia saída de "Amor Sublime Amor", atuação inesquecível do maluco homicida (destaque pra cena dele atacando a sua psiquiatra - que também é carateca!!) e, claro, a épica batalha final. Como se derrota um ser insano de pura maldade? Palavras não fazem jus à cena. Assistam (por sua conta e risco, caríssimos!)

Batalha final de "Undefeatable"


Depois dessa, fiquem de olho nesse filme (é, estou impagável!)

Vejam bem, só me resta dizer pra não perderem de vista (Rá!) essa pérola do cinema tosco de ação!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O inferno são os outros


"No fim, tudo morre".




Essa é uma das primeiras frases da obra maldita exumada de hoje que fracassou nas bilheteria na época do seu lançamento em 1960, "Jigoku" ("Inferno", em português), filmaço do diretor de terror Nobuo Nakagawa, considerado o primeiro filme gore da terra do sol nascente.



Mas antes do final sangrento e sádico no Inferno propriamente dito, a história repleta de remorso, vingança e angústia se passa no inferno terrestre - a vida pode ser tão terrível quanto o temido além, parece ser essa a mensagem do diretor -, onde o protagonista é cúmplice no atropelamento e fuga de um bandido bêbado. A partir desse momento, a vida do pecador Shiro - e de todas as pessoas que ele conhece - passa a ser repleta de desgraça e morte.

O elenco todo sofre horrores em vida na primeira parte do filme: a mulher vingativa do bêbado atropelado escorrega da ponte, a namorada do Shiro sofre acidente fatal de carro, a mãe dele morre doente, a amante do pai cai da escada e parte o pescoço, o peixe estragado e o saquê envenenado servido na festa extermina o restante do elenco... Enfim, as ações moralmente condenáveis dos personagens vão culminar num festival de mortes sinistras!



E aí, vamos pra surreal segunda parte do longa... no inferno! Os condenados sofrem em cenas de olhos perfurados, de afogamento no mar de pus, de pés pregados no chão repleto de estacas, de gente enterrada de cabeça pra baixo. Os personagens principais ficam com o melhor: o pai adúltero é esfolado vivo enquanto seus dentes são destruídos na base de porretes demoníacos, a cabeça da amante é separada do corpo - o que não a impede de continuar gritando! -, um outro deve passar sede pra sempre porque roubou um cantil d'água de um soldado sedento durante a guerra... É um festival dos horrores com muitos momentos sangrentos e sádicos, nesse filme impressionante de cinqüenta anos atrás.






Eu particularmente prefiro as cenas infernais dos filmes do Zé do Caixão (que vieram alguns anos depois de "Jigoku"), elas são melhores, mais aterradoras e perversas, mas fica aqui o reconhecimento ao mestre japonês do medo Nobuo Nakagawa, um dos grandes precursores do cinema nipônico de horror grotesco, bizarro e único de hoje em dia.

Kampai!

 Trailer de "Jigoku" (Nobuo Nakagawa, 1960)