sábado, 30 de julho de 2011

Zumbis, E.T.s e rock and roll - no Japão!


Os Zumbis estão na moda! Seguindo a mão do "The Dark One Podtrash" sobre o filme cabeça "Fome Animal" do Peter Jackson dessa semana (http://td1p.com/podtrash-46-isto-pede-uma-intervencao-divina/), vamos exumar um filme cabeça de zumbis... do Japão! Preparem-se para "Wild Zero" (2000)!

E o que acontece nessa película nipônica extremamente intelectual? Ora, o rotineiro: naves alienígenas estilo Ed Wood fazem com que os mortos adquiram uma coloração cinza e se levantem, famintos por carne de japonês! Somente a banda "Guitar Wolf" pode impedir o banquete do mal!

E enquanto o clímax do filme não chega - que inclui guitarra-espada samurai do líder da banda contra a nave-mãe espacial (!) -, somos levados a assistir um festival de sandices frenéticas e oligofrênicas envolvendo zumbis, gerentes de gravadora enlouquecidos (com peruca do Zacarias, shortinho de funkeira e pistolas do mal!), palhetas de guitarra como shurikens anti-zumbi, mocinhas hermafroditas em perigo e cenas envolventes de amor entre um adorável casal de mortos-vivos. Fora as bizarrices acima, dá-lhe explosões, tiros pra todo lado, banda motoqueira, crânios de devoradores de gente estourando... tudo embalado ao som do bom e velho rock!

Em termos de sandice zumbiesca, os japoneses podem competir sem o menor problema com os cadáveres que andam  da Nova Zelândia do "Fome Animal"!

Trailer do Wild Zero (2000)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma é de Indiana e a outra de Mississipi (mas se chama Califórnia)

Um estupidamente excelente começo de semana para vocês, caríssimos!

E vamos iniciar mais um ciclo com músicas sobre despedidas... e mulheres!



Fiquem com "Mary Jane's Last Dance", do fodaço Tom Petty:

Mary Jane's Last Dance (Tom Petty and the Heartbreakers - 1993)


E, para completar a dose dupla, adeus à Maria Joana de Indiana.
Ouçam "Dani California", que nasceu no Mississipi, do "Red Hot Chili Peppers" (dizem até que a segunda é plágio da primeira - reparem só no iniciozinho de cada canção -, mas deixa isso pra lá!). O clipe é maneiríssimo!

Dani California (Red Hot Chili Peppers - 2006)


Dani California, a Godiva de Irajá
(Ficou famosa por andar num cavalo branco
Pelas noites suburbanas
Toda nua!!!)

sábado, 23 de julho de 2011

O filme da sua vida


Pergunta hipotética: você abotoou o paletó e foi parar no limbo. Depois de morto, imagine que quando acontecer a sua passagem pro além definitivo, você só vai poder ficar com uma lembrança da sua vida inteira por toda a eternidade. Qual seria?

Esse é o grande tema de um filme japonês fodaço de 1998, "Wandâfuru Raifu" (ou imagine um japonês falando "Wonderful Life"!), no Brasil conhecido como "Depois da Vida". A premissa é bem interessante e pra quem acredita no além e que tais, beleza. Já pra quem não acredita, vale a reflexão proposta.

O filme (do diretor Hirokazu Koreeda, que lançou em 2004 o triste e bizarro "Ninguém Precisa Saber", sobre crianças abandonadas pela mãe) parte de uma concepção diferente da cristã sobre o destino final das almas, é claro. Os recém-mortos ficam no limbo por uma semana com quartos privados, banheiro próprio, etc., todos assessorados por funcionários do lugar, que mais parece uma estação ou uma escola abandonada! Os conselheiros e o estagiário (!) do além fazem de cara a pergunta pros recém chegados: eles precisam selecionar uma única memória da sua vida, a mais significativa e preciosa, e só essa lembrança os acompanhará para todo o sempre.

Os defuntos têm apenas três dias para escolher, porque no resto da semana a equipe do limbo vai rodar um filme caseiro trash, recriando a cena escolhida! É sério! É mais ou menos como aquele filme de 2008, o "Rebobine, Por Favor", do Michel Gondry estrelado por Jack Black, onde ele reinventa os filmes das fitas apagadas de uma locadora sem nenhum orçamento!

E tem mais: as almas penadas não levam a memória original mais importante da sua vida, mas sim a recriada nos filmes trash! Já é de conhecimento geral as dificuldades por que passam os cineastas independentes no mundo dos vivos - em particular no Brasil -, mas em "Depois da Vida" descobrimos o perrengue dos diretores amadores do além que estão presos no limbo!

Sabe por quê? Só pra atrapalhar, tem morto safado que quer a filmagem da memória dele pilotando um avião!

Pois é, caríssimos, pensem muito bem na maior lembrança da vida de vocês... e que ela não seja muito complicada! Ajudem a produção independente do além, facilite a vida (ou a não-vida!) dos cineastas trash vagando no limbo a captar em filme o melhor momento da sua passagem pela Terra!

Trailer (em inglês) de "Wandâfuru Raifu" (98)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O sanduba cósmico-psicodinâmico-lisérgico

Planeta: Terra. Cidade: Rio de Janeiro. Como todas as metrópoles desse planeta, o Rio se acha hoje em desvantagem na sua luta contra o maior dos inimigos do homem: a larica (Não, não é a poluição, Spectremen)!

Pois seus problemas acabaram, Doutor Gori!!! Em pleno Posto 9, praia de Ipanema, tem vendedor preocupadíssimo (mas ao mesmo tempo relaxado e sem stress, bicho!) com esse terrível problema. A solução, evidentemente, é extraterrestre!
Confiram no vídeo:

Hareburguer


Genial!

Esse maluco, dizem as lendas, começou a carreira vendendo balinhas sabor ácido (da marca "Lúcia no Céu com Diamantes") nos sinais de trânsito via-lácteos para OVNIs-coletivos de Marte!

E para acompanhar o Hareburguer? Ele não vem com batata frita e refrigerante de cola. O freguês pode escolher um relaxante chá de cogumelos ou uma refrescante soda limonada vinda direto dos anos 70!

Comercial psicodélico de 7up (1974)



(Valeu a dica, Igor!)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trocentas mil cabeças pensam melhor do que uma?

Seguindo a onda dos filmes japoneses estranhos inspirada pelo episódio do "The Dark One Podtrash" dessa semana (http://td1p.com/podtrash-45-manda-pra-vala-o-tal-do-jar-jar/), onde o filme selecionado foi "Alien vs. Ninja" (não confundir com "Alien vs. Predador vs. Freddy vs. Jason!), vamos falar sobre uma pérola cinematográfica de 1991.


"Hiruko The Goblin", do fodão Shinya Tsukamoto - o cara que fez "Tokyo Fist" mais os dois bizarríssimos "Tetsuo" e, dizem as lendas, foi um diretor que trouxe influências para Aronofsky e Takashi Miike! - não é tão gore e surreal quanto os dois "Tetsuo", mas vamos dar o seu crédito devido: esse é o filme onde as cabeças decapitadas dos incautos viram monstros sobrenaturais em busca do verdadeiro mal - com patas de aranhas e sede de sangue!

E, ainda por cima, o subsolo da escola japonesa é um portal pro inferno - qualquer semelhança com a escola da Alameda dos Anjos do seriado da Buffy, a Caça-Vampiros, é mera coincidência! Mas nesse filme esquisito quem ousa enfrentar as cabeças aracnídeas do terror? Um estudante amaldiçoado e um Indiana Jones fajuto pesquisador de demônios e goblins que não tem chicote nem chapéu, mas equipamentos e cacarecos mais ao estilo dos Caça-Fantasmas!

Quando se assiste essa obra, lembramos rapidamente daquela câmera frenética do Sam Raimi no "Evil Dead", onde o demo (ou no caso da exumação de hoje, as cabeças ambulantes), cujo ponto de vista é o mesmo do espectador, fica perseguindo suas pobres vítimas!

Sem falar nos efeitos especiais raiz tipo os do David Cronenberg! É a homenagem do japonês bizarro aos ocidentais bizarros!
Caríssimos, preparem-se para muito sangue, decapitações, cabeças monstruosas com canto de sereia (!) subindo pelas paredes e surgindo de dentro de panelas com seu terrível beijo da morte, profecias cataclísmicas, ... enfim, muita coisa trash e surreal!

O trailer tá sem legenda mas dá pra sacar a idéia, pois a trama não é muito cabeça mesmo... - ê, tô demais!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mau Ronaldo! Mau Ronaldo!

Filme americano feito direto pra tevê é quase sempre sem novidade, caríssimos. Esqueçam as perseguições e tiroteios frenéticos dos filmes de ação, os efeitos especiais de babar dos blockbusters e os astros de cinema mais conhecidos do planeta. O negócio é se contentar com o orçamento pífio, a história que se passa em poucos cenários, as atuações modorrentas... Quem não se lembra daquele filme que passava dia sim e outro também na Sessão da Tarde há mais de dez anos (que eu esqueci o nome, por sinal!) em que a bebê Jéssica fica presa dentro do poço? O máximo de ação ali era um monte de gente olhando pro poço tentando descobrir como tirar o raio da criança de lá de dentro!

Mas às vezes aparece um filme de tevê interessante. É o caso do bizarro "Bad Ronald" (Mau Ronaldo!) de 1974, do diretor rei dos filmes desse tipo. E o personagem do título não é um obeso ex-jogador de futebol pegador de traveco (pronto, fiz a piada horrível...), é um nerd sozinho!

Presta atenção na trama: O filhinho da mamãe Ronald quer ter amigos, mas os jovens da redondeza vivem sacaneando o pobre (agora isso se chama "bullying"). Triste e melancólico com sua vida típica de adolescente tímido e introspectivo, acaba matando sem querer à base da tijolada (!) uma garota mais nova que ele. A garota, vejam só, estava tirando uma com  a cara dele! O que ele faz? Ora, enterra o cadáver e passa a ser perseguido pela polícia!

Quando o esquisito de óculos conta pra mamãe com problemas de saúde da morte da menina o que ela faz? Ora, tranca o filho insano no fundo falso da despensa da cozinha e não deiza ele pôr o nariz ranhento pra fora! E assim o Ronald monguinho - dado como foragido pela polícia - vai vivendo alucinado em seu mundo próprio, fechado dentro das paredes da casa (à base de leite em pó e sem tomar banho, típico de qualquer nerd sem vida!). Até que a mamãe morre e depois de algum tempo um casal  incauto com três filhas iguais às irmãs loirinhas de "The Brady Bunch" vai morar ali... o estopim perfeito para aflorar a loucura do nerd maníaco!

O filme é praticamente todo rodado dentro da casa do ser estranho. As cenas de violência são econômicas, mas o interessante é o climão de suspense ao longo da trama, porque o infeliz trancado fica escondido e à espreita dentro do fundo falso, sempre observando suas vítimas por furos nas paredes. Até que resolve fazer suas aparições estilo "Here's Johnny!" de "O Iluminado"! Um nerd psicopata pode ser muito assustador...

Esse filme obscuro é recomendado para os valentões pensarem duas vezes antes de sacanearem um coleguinha monguinho na escola... nunca se sabe quando um vai surtar - e nem de que esconderijo do mal um desses pode sair - e aí, caríssimo, será tarde demais!

Confiram abaixo no link cenas do longa em conjunto com a mais que apropriada música do Radiohead, "Creep" (faz sentido!), coisas que só a internet pode proporcionar!

http://www.youtube.com/watch?v=HADV3PVG8TM&feature=related

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A música tema das drogas... para crianças!

Existem campanhas sociais sobre a conscientização e os problemas causados por entorpecentes nos jovens americanos desde há muito tempo. E há muito tempo essa questão nunca é resolvida.

Mas nos anos 80, o Tio Sam abusou sobre a abordagem da questão num anúncio em particular. A tal campanha é muito estranha, porque nela as criancinhas cantam e dançam alegremente uma musiquinha contagiante, parecida com abertura de desenho animado, como se estivessem num programa infantil de tevê!

Não sei, não, mas mostrar imagens de substâncias ilegais enquanto tocam uma doce e divertida canção sobre drogas pros pequenos não me parece uma boa idéia para afastá-las, mas sim para atraí-las! Bizarríssimo!

Drogas! Drogas! Drogas!


Tradução tosca da letra:

"Ouçam bem, caras
E vocês também, irmãs
Vamos falar sobre uma coisa
Que é de virar o cérebro

Refrão:
Drogas! Drogas! Drogas!
Quais são boas? Quais são más?
Pergunta pra mamãe! Pergunta pro papai!

Beba um copo d'água
Tome um remédio do doutor
As drogas podem te melhorar
Quando você está mal

Refrão

Existem muitas outras drogas
Que com certeza têm uma garra (!?)
E que lutam com a lei (!?!)

Refrão"

Sinistro!

Qualquer associação de músicas e diversão com o uso de substâncias ilícitas num esquete dirigido para o público infantil - que não está entendendo lhufas daquela mensagem - é, com certeza, no mínimo inadequado e desinformativo, sem falar que pode soar até como promoção do mal pros pequenos.

O caríssimo leitor pode achar bem tosco os States misturarem os assuntos da infância com os das drogas, não é mesmo?

Mas por aqui a tevê deixou os entorpecentes de lado nos anos 80... O que dizer de uma das especialidades da programação para a criançada do Brasil-sil-sil dessa época: misturar a infância com o erótico?

Xuxa, a eterna musa dos baixinhos, em momento inesquecivelmente
 educativo no mais que extinto"Clube da Criança",
 exibido pela mais que extinta Tevê Manchete

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dr. Evil e um milhão de dólares, os reality shows patrocinados e os sutiãs assassinos

Sinopse rápida de "La Decima Vittima" (1965): numa época não muito distante de nosso presente, num mundo psicodélico - o futuro dos anos 60 é muito anos 60! -, Marcello Mastroianni e a "bond-girl" Ursula Andress são os melhores jogadores de "A grande Caçada" (ou "The Big Hunt"), uma competição que é sucesso no planeta todo.

Nesse jogo, os participantes são caçadores ou vítimas (os papéis são definidos por um gigantesco computador suíço falante, estilo computador da Sala da Justiça do desenho trash dos Superamigos!), e precisam matar seus oponentes. Quando o sobrevivente assassina o seu décimo adversário, ele ganha um milhão de dólares, o prêmio sonhado por qualquer habitante daquela década tão especial. Tenho certeza de que Dr. Evil, o arqui-inimigo de Austin Powers, era assíduo telespectador desse programa - apesar de, tecnicamente, o gênio do mal ter vivido nos anos sessenta e esse filme se passar no futuro de 1965, mas isso é um detalhe -, porque seu objetivo de vida sempre foi ganhar essa assombrosa soma em dinheiro:

Dr. Evil também quer um milhão de dólares!


 O interessante dessa ficção científica italiana dirigida por Elio Petri é a sátira sobre a massificação da violência voltada para o entretenimento: o Estado inventa esse "Big Hunt" para acabar com os impulsos sanguinolentos da humanidade e conseqüentemente com as guerras. Qualquer cidadão estressado e com tendências assassinas que gosta de aparecer pode se inscrever em busca do prêmio final. É, caríssimos, esse "Big Hunt" profetizou o "Big Brother" versão tiroteio do terror! A personagem da Ursula Andress ainda recebe uma proposta da poderosa companhia de chá para matar o seu décimo adversário durante as filmagens do comercial da bebida! Atenção para o slogan enquanto ela atira no pobre do Mastroianni: "Beba o Chá Ming e você viverá mais!"

O maneiro desse estiloso filme são as sátiras à violência (em uma cena, um jogador é expulso de um restaurante pelo garçom furioso que não deixa ele atirar ali dentro, e o sujeito sai reclamando que nem velho em fila de banco: "não se pode mais atirar em restaurantes, hospitais, creches, em nenhum lugar, onde é que vamos parar?"), ao estado (o policial multa um caçador porque ele precisou estacionar em lugar proibido para atirar numa vítima) e à cultura de massas (os gibis são considerados o auge da literatura clássica!).

Outro ponto positivo está nas formas criativas de matar dos protagonistas: enquanto Marcello Mastroianni planeja assassinar a "bond-girl" com um trampolim e um crocodilo (!), ela se utiliza do velho truque do sutiã com armas embutidas para despachar um japinha no começo do filme (essa cena foi claramente homenageada na comédia do Austin Powers). A inesquecível e maravilhosa cena de Ursula Andress e seu sutiã fatal o caríssimo leitor acompanha a seguir!

Abertura de "La Decima Vittima" (1965)

https://www.youtube.com/watch?v=axGE8iIgynM


Yeah, baby, yeah!

terça-feira, 12 de julho de 2011

E se o Lanterna Verde fosse brasileiro?


Ele se chamaria Raio Negro. E usaria a fantasia do Ciclope, aquele sujeito que dispara raios óticos dos X-Men!

Sim, caríssimos, Raio Negro (cujo nome é  emprestado do rei dos Inumanos, personagem da editora Marvel - ou do negão que dispara raios elétricos da DC Comics, você escolhe) foi o mais famoso de uma série de super-heróis de carreira curta criados no Brasil a partir dos anos 60 até  mais ou menos os anos 70, tudo inspirado na febre norte-americana dos sujeitos superpoderosos fantasiados e combatentes do crime em quadrinhos.

Saca só a história do herói tupiniquim, a exumação de hoje: Roberto Sales, um tenente da Força Aérea Brasileira, foi escolhido pelos militares para ser o primeiro astronauta do Brasil-sil-sil. Ele decola o seu foguete Santos Dumont 1 e recebe um pedido de socorro telepático do moribundo E.T. Lid, de Saturno. Como forma de agradecimento pela ajuda, ele dá de presente pro militar o poderoso anel de energia negra antes de morrer. Quando Roberto volta pra Terra, ele usa secretamente seus incríveis poderes para salvar os fracos e oprimidos. Parecido com um certo herói fantasiado de verde e com anel, não?

Isso porque quando o já falecido desenhista Gedeone Malagola inventou o Raio Negro, as histórias em quadrinhos do Lanterna Verde ainda não tinham sido lançadas por aqui em português. Mas como era impossível competir nas bancas lado a lado com as revistas dos grandes estúdios dos States (as supracitadas Marvel e DC) que monopolizavam o mercado, só foram lançados treze gibis do herói brasileiro, mais uns poucos especiais antes do cancelamento lá pelo final dos anos 60.

Agora, menção honrosa pros personagens secundários: o arqui-inimigo de Raio Negro, o cientista louco Op-Art, que utilizava luzes e armas psicodélicas (como raios de petrificação e estrelas do mar assassinas) para atacar suas vítimas, e a namorada-refém do supercaolho que atende pela alcunha de Marajoara Campos! Naquela época os mocinhos e vilões eram ingênuos e os temas eram mais simples - nem pensar em falar na ditadura militar brasileira, claro, mas tá valendo pelo herói nacional voador de visor e anel! Viva o Lanterna-Ciclope!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O corcunda do Dr. Frankenstein está de olho em você


Amanhã, dia 8 de julho, Marty Feldman, o genial cara estrábico e de olhos esbugalhados completaria 77 anos. Segundo as lendas, ficou daquele jeito por causa de uma doença e de um acidente de carro, mas nada disso o abateu, pois resolveu fazer do limão uma franquia de lojas de limonada: teve muito sucesso no cinema, no humor - e no amor. Foi casado até a sua morte (sua mulher, falecida ano passado, é que pediu a mão dele em casamento!) e seu trágico fim aconteceu durante as filmagens de "Yellowbeard" em 1982 aos 49 anos!

Esse filme de Mel Brooks rodado no México, diga-se de passagem, é imperdível: além da última participação de nosso querido humorista de olhar penetrante, temos no elenco a galera do Monty Python, Cheech e Chong, e Peter Boyle (o Monstro da comédia clássica "O Jovem Frankentein", de 74).

Fumante compulsivo e vegetariano, Marty se entupiu de frutos do mar mexicanos estragados. Acabou morrendo do coração, com os olhos esbugalhados (isso não se faz, eu não tenho jeito...), graças a um mega susto fulminante causado por ninguém menos que Sergio Aragonés, aquele cartunista da revista MAD criador do bárbaro idiota Groo! A última cena filmada da sua vida foi a morte do seu personagem em "Yellowbeard"! Que série de acontecimentos de fazer saltar os olhos!

Mas um dos melhores papéis de Marty Feldman, sem dúvida, é o do corcunda Igor ("Eye-gor" é a pronúncia correta, sacaram!?), capanga-esparro do Dr. Fronkonsteen (ou algo assim), vivido por Gene Wilder em "O Jovem Frankenstein", obra-prima de Mel Brooks.


O Steve Tyler, vejam só, vive dizendo até que a música "Walk This Way", do Aerosmith, foi inspirada graças ao modo de andar de Igor nesse filme! Isso é sério!

O jeito de andar de Marty Feldman


O jeito de andar de Aerosmith


Mas já que estamos falando de "O Jovem Frankenstein" e música, não posso deixar de mencionar o número de dança sensacional desse filme, "Putting on the Ritz", onde Gene Wilder - o criador - e Peter Boyle - a criatura - cantam e sapateiam acompanhados por Marty Feldman ao piano, sempre de olhos vigilantes atentos a tudo, claro!

"Putting on the Ritz" ("O Jovem Frankenstein")


Parabéns, Marty, e olhe por nós!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A pornografia sueca, a heroína e a mudinha de tapa-olho (ou Sexo, drogas e Tarantino)

Dando continuidade aos filmes com temática ocular (!) e ao tour de sexploitation pelo mundo, orgulhosamente exumamos a obra-prima sueca "Thriller - En Grym Film" de 74, do diretor, escritor e produtor fã de pseudônimos, Alex Fridolinski.

Vamos ao que interessa. O cafetão Tony-não-tão-maneiro (Rá!) seqüestra Madeleine, uma mudinha infeliz que foi estuprada na infância, para tranformá-la numa espécie de Christiane F., drogada e prostituída. A coitada fica dependente das duas doses diárias de heroína do vilão, num plano maligno de escravidão e sexo comercializado. Mas ela é arisca de início com os clientes e Tony a castiga, arrancando um olho fora na base da faca! Essa cena é tão sinistra quanto a do surreal "Cão Andaluz" do Buñuel - a escabrosa perfuração ocular foi feita com cadáveres em ambos os filmes!

Para fechar com chave suprema de "minha vida é uma merda", o Tony Manero sueco escreve cartas mentirosas pros pais da mudinha, dizendo que ela os odeia, e eles acabam se matando de desgosto! Evidentemente, chega um momento em que nossa heroína viciada se cansa de tanto horror e desespero em vida e resolve partir pra doce vingança.

Entre umas cenas de sexo explícito e outras de dependência química - porque os suecos nunca estiveram pra brincadeira -, nossa querida "puta-pirata" decide aprender karatê, krav-magá, tiro e direção rápida no volante. Mas tudo à moda dos treinamentos do Rocky Balboa, sem a trilha sonora motivacional! E a edição nessa parte é genial, quase sem diálogos (o que vocês queriam, a protagonista é muda!), intercalando sexo, tiro ao alvo, sadomasoquismo lésbico, tatame, pornografia, picos, direção off-road... Sensacional!

Não é à toa que Tarantino (no seu famoso caldeirão de referências cinematográficas de sexploitation anos setenta mais conhecido como "Kill Bill") se inspirou na históra de Madeleine, a mudinha sueca, para compor tanto a personagem fria, assassina e de tapa-olho interpretada por Daryl Hannah, quanto a obsessiva noiva vingadora vivida por Uma Thurman.

Voltando ao filme sueco, nem preciso dizer que nossa protagonista mata metade do elenco: clientes tarados, traficantes, a polícia, o cafetão, cada um morre de um jeito mais terrível que o outro. E tudo em câmera lentíssma, em grande estilo!

Olha, vou falar que a vingança final, caríssimos, é digna dos melhores faroestes. E está no topo das coisas mais sádicas já feitas no cinema, com requintes de crueldade - em câmera lenta! Recomendadíssimo! A mudinha não está pra conversa (é, foi horrível...), ela fala muito grosso (não sei a hora de parar...)!

Confiram abaixo o trailer dessa obra espetacular que foi banida por um tempo lá na Suécia:

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Edgar Allan Poe japonês, a modelo e o ceguinho tarado


No final dos anos 60 a malfadada previsão de que a tevê afastaria o espectador do cinema se concretizou no Japão. Como contra-ataque, surgem os "pinku eiga" ("filmes-rosa"), obras sexploitation daquele país, de orçamento super reduzido e caráter independente pra tentar chamar o nosso querido e estranho povo tarado de volta para as telonas. Por causa disso grandes estúdios resolveram fazer versões mais sofisticadas desse tipo de filme regado a sexo e violência.

As famosas e polêmicas histórias recheadas de insanidade, erotismo e devassidão do escritor Edogawa Rampo (pra entender esse pseudônimo, imagina que um japonês está pronunciando "Edgar Allan Poe"!) caíram como uma luva. A exumação de hoje é um filme baseado num educativo conto dele: "Cega Obsessão", de 1969, do diretor Yasuzo Masumura. No cinema tudo é mais elegante (mas não menos bizarro e surreal) em relação ao conto original, onde um escultor cego massagista (!) entorpece as vítimas, as desmembra e as transforma numa parte da sua invenção, a arte tátil.

A versão cinematográfica vem com menos chacina (só a modelo patricinha arrogante acaba seqüestrada), mas os detalhes escabrosos das perversões a gente acompanha melhor. Depois que o maluco cego rapta ninjamente a infeliz, ela é trancada num estúdio isolado, todo decorado de um jeito muito peculiar: as paredes são repletas de esculturas gigantes de olhos, orelhas, narizes, bocas, mãos (os sentidos) e de peitos, bundas e xoxotas (partes eróticas do corpo), sem mencionar duas esculturas de mulher pelada colossais no meio! O cego bitolado, com a ajuda da sua não menos insana e super protetora mamãezinha, quer criar a obra-tátil suprema tendo a modelo como musa para a escultura perfeita.

É claro que tudo isso terminará em sexo, prazer, sangue, desmembramento, sadomasoquismo, assassinato e canibalismo!

Recomendo esse ótimo suspense psicológico pelo grotesco e pelo erótico, mas também pelo inusitado do protagonista cego/tarado/assassino!

Caríssimos, confiram com seu próprios olhos (Rá!) logo abaixo o terrível estúdio-prisão do ceguinho do mal! Depois desse filme, vocês pensarão duas vezes antes de ajudar um portador de necessidades especiais no campo da visão a atravessar a rua! Ele pode estar de olho em você!



Palmas para o tobogã feito de bundas e peitos!